O cenário político e empresarial dos Estados Unidos foi sacudido nesta quinta-feira, dia 5 de junho, por um novo e contundente episódio envolvendo o presidente Donald Trump e o bilionário Elon Musk. O mandatário norte-americano atacou publicamente o empresário, chamando-o de “louco” e sugerindo que o governo poderá cortar os vultosos contratos que mantém com as empresas comandadas pelo magnata. O episódio marcou o rompimento definitivo da relação entre os dois, que há pouco tempo ainda se tratavam com cordialidade e até admiração mútua.
O ataque do presidente ocorreu por meio de uma postagem na plataforma Truth Social, onde Trump afirmou que Musk está “se esgotando” após deixar o cargo no Departamento de Eficiência Governamental do governo federal, órgão que chefiou até a semana passada. “Eu pedi para ele sair”, disse Trump, ressaltando que o bilionário, ao fim, estava demonstrando sinais de exaustão e incapacidade de cooperar com a administração.
Poucas horas depois, Elon Musk respondeu com ironia: “Pode continuar, faça meu dia”, provocou o bilionário, que atualmente lidera gigantes como Tesla, SpaceX, Boring Company, Neuralink, a recém-criada xAI e a plataforma de mídia social X. A resposta ácida foi rapidamente amplificada nas redes sociais e veículos de comunicação de todo o mundo.
O embate público entre Trump e Musk teve impacto direto no mercado financeiro. As ações da Tesla despencaram 16% após os comentários do presidente norte-americano, gerando apreensão entre investidores e analistas. A queda expressiva reflete o temor de que o governo dos Estados Unidos realmente opte por cortar ou reduzir contratos estratégicos com as empresas do bilionário, especialmente no setor aeroespacial e de defesa, onde a SpaceX é uma das principais fornecedoras da NASA e do Pentágono.
O episódio representa um abrupto e ruidoso fim para a aliança que até então parecia sólida. Menos de uma semana antes do confronto, Trump e Musk haviam protagonizado uma despedida amistosa no Salão Oval da Casa Branca, onde celebraram o encerramento do mandato do empresário à frente do Departamento de Eficiência Governamental. À época, ambos trocaram elogios e fotografias que foram amplamente divulgadas.
Porém, a cordialidade rapidamente se transformou em animosidade. O estopim da crise foi a oposição veemente de Elon Musk ao pacote de corte de impostos proposto por Trump. O bilionário tem criticado publicamente a proposta, alertando que ela poderá aumentar a dívida pública dos Estados Unidos em trilhões de dólares. Musk, inclusive, iniciou uma campanha junto aos senadores republicanos, incentivando-os a “matar o projeto”, que é considerado uma das principais prioridades da agenda doméstica de Trump.
Em sua publicação no Truth Social, Trump tentou minimizar os impactos de sua proposta e acusou Musk de estar “chateado” com outra medida: o corte de créditos para veículos elétricos. “Eu tirei o mandato de veículos elétricos dele, que obrigava todo mundo a comprar carros elétricos que ninguém mais queria (e que ele sabia há meses que eu ia fazer!), e ele simplesmente ficou LOUCO!”, escreveu o presidente em tom provocativo e desafiador.
Trump também insinuou que poderá adotar medidas ainda mais drásticas contra o bilionário e suas empresas, insinuando o fim dos subsídios e contratos governamentais que, historicamente, sustentam parte significativa das operações da Tesla e da SpaceX. “A maneira mais fácil de economizar dinheiro no nosso orçamento, bilhões e bilhões de dólares, é terminar os subsídios e contratos governamentais de Elon. Sempre fiquei surpreso que Biden não tenha feito isso!”, acrescentou o presidente, num recado que evidenciou a disposição em endurecer ainda mais a postura.
A escalada do conflito entre Trump e Musk ocorre em meio a um contexto político cada vez mais polarizado nos Estados Unidos. De um lado, o presidente busca consolidar sua base política através de medidas que prometem reduzir impostos e gastos públicos, ainda que à custa de cortes em incentivos estratégicos. De outro, Elon Musk, que nos últimos anos se posicionou como uma figura cada vez mais politicamente independente e provocadora, resiste a mudanças que podem comprometer diretamente os interesses econômicos de suas empresas, especialmente no setor de mobilidade elétrica e infraestrutura espacial.
Especialistas avaliam que o rompimento entre o presidente e o empresário poderá ter efeitos de longo prazo na política industrial norte-americana. A relação entre o governo e as empresas de Musk vinha sendo marcada, até então, por contratos bilionários e parcerias estratégicas, especialmente no desenvolvimento de tecnologias espaciais e no estímulo à transição para veículos elétricos.
Agora, com a possibilidade de cancelamento ou revisão desses contratos, o futuro das empresas do bilionário poderá ser impactado, assim como a própria política tecnológica e ambiental dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, o embate revela o quão tênues podem ser as alianças entre líderes políticos e grandes empresários, sobretudo em contextos de forte volatilidade econômica e polarização ideológica.
O episódio evidencia ainda o peso que figuras públicas como Elon Musk possuem não apenas no mundo empresarial, mas também no cenário político global, onde suas decisões e declarações podem provocar efeitos imediatos nos mercados e nas políticas de Estado.
Enquanto a disputa entre Trump e Musk prossegue, investidores, analistas políticos e cidadãos acompanham atentos os desdobramentos de um confronto que promete redefinir não apenas o relacionamento entre governo e iniciativa privada, mas também o futuro das políticas públicas ligadas à inovação, tecnologia e sustentabilidade nos Estados Unidos.
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