Na tarde desta quarta-feira, o Palácio do Planalto se encheu de emoção, memória e cultura com a visita do escritor Marcelo Rubens Paiva. Ele foi recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pela primeira-dama Janja da Silva e pela ministra da cultura, Margareth Menezes.
Marcelo é o autor de Ainda estou aqui, livro que inspirou o filme vencedor do primeiro Oscar brasileiro. No encontro, ele entregou pessoalmente suas obras ao presidente e celebrou a importância da literatura no resgate da história recente do Brasil.
O presidente Lula fez questão de registrar o momento. “No dia da exibição do filme Ainda estou aqui, no Palácio da Alvorada, o Marcelo não pôde estar presente. Mas hoje tivemos a honra de recebê-lo. Ele nos presenteou com todos os seus livros, inclusive o mais novo. Sua presença e sua escrita são parte fundamental do resgate da nossa memória e da nossa história.”
A ministra Margareth Menezes também destacou a importância da visita. “O ministério da cultura celebra 40 anos em 2025. É muito simbólico ver uma obra de Marcelo ganhando as telas e o mundo. Esse capítulo da nossa história, apesar de doloroso, precisa ser conhecido para nunca ser esquecido. Marcelo é símbolo de força e de luta.”
Quem é Marcelo Rubens Paiva
Marcelo Rubens Paiva é escritor, dramaturgo, jornalista e roteirista. Ele ficou conhecido nacionalmente nos anos 80 com o livro Feliz ano velho, uma autobiografia em que narra o acidente que o deixou tetraplégico aos 20 anos de idade. A obra virou símbolo de superação e se tornou um clássico da literatura brasileira.
Com uma escrita que une sensibilidade e firmeza, Marcelo sempre abordou temas íntimos misturados à política e à história do país. O livro Ainda estou aqui, lançado em 2015, é uma dessas obras. Nele, o autor reconstrói a trajetória de sua mãe, Eunice Paiva, que criou os filhos sozinha após o desaparecimento do marido, Rubens Paiva, morto pela ditadura militar.
Do papel às telas, da dor à resistência
O livro virou filme e foi exibido em fevereiro, no Palácio da Alvorada, dentro da programação do Cine Alvorada. O evento contou com a presença de Lula, Janja, do vice-presidente Geraldo Alckmin e de familiares de Rubens e Eunice Paiva. Também participaram representantes do ministério da cultura, como o secretário-executivo Márcio Tavares e a secretária do audiovisual, Joelma Gonzaga.
A obra é mais do que uma narrativa familiar. Ela mostra como a repressão da ditadura afetou profundamente a vida de uma família brasileira. Com coragem, Marcelo relata o impacto da ausência do pai, o silêncio que tomou conta da casa e a força da mãe, que enfrentou a censura e o medo para criar os filhos e manter viva a memória do marido desaparecido.
Uma homenagem à verdade e à memória
Na conversa com Lula, Janja e Margareth, Marcelo relembrou como a literatura pode ser um instrumento de luta e de resistência. Ele não só contou a sua história, mas eternizou a de milhares de brasileiros que viveram a repressão, a perda e o apagamento forçado da ditadura.
A visita ao Planalto foi um gesto de reconhecimento. Um momento em que a cultura foi valorizada como parte essencial da democracia e da justiça histórica. Ao transformar dor em livro, Marcelo mostrou que a memória não pode ser enterrada.
Ainda estou aqui é um grito contra o esquecimento. É uma declaração de amor à verdade, à justiça e à luta daqueles que, mesmo silenciados, continuam vivos na história. Marcelo Rubens Paiva nos lembra que não basta lembrar. É preciso contar, escrever, filmar. É preciso resistir.
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