A Comissão Europeia deu um passo audacioso nesta terça-feira (4) ao propor um empréstimo conjunto de 150 bilhões de euros para reforçar as capacidades de defesa dos países membros da União Europeia. A medida integra um plano maior, com o objetivo de alcançar até 800 bilhões de euros para impulsionar os investimentos em segurança e defesa no continente europeu.
O projeto, que visa combater as crescentes ameaças externas e internas, será um dos principais pontos de discussão durante a cúpula especial da União Europeia, agendada para quinta-feira (6). O dinheiro será direcionado à construção e modernização de sistemas de defesa, incluindo defesa aérea e de mísseis, artilharia, mísseis e munições, além de drones e sistemas antidrones. A proposta surge em um contexto de incerteza crescente no cenário internacional, especialmente com o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, que colocou em questão o compromisso americano com a defesa do bloco europeu.
“Esse empréstimo conjunto ajudará os Estados-membros a combinar suas demandas e fazer compras em conjunto, o que não só reduzirá custos, mas também aumentará a interoperabilidade e fortalecerá a nossa base industrial de defesa”, afirmou Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia. Ela enfatizou a urgência dessa medida, alertando que os investimentos em defesa precisam ser aumentados agora e, de forma contínua, ao longo desta década.
Com os líderes da União Europeia sob pressão para elevar seus gastos militares, em grande parte devido à política de Trump, que sugeriu que os países membros gastem até 5% de seu PIB com defesa, a proposta de von der Leyen busca garantir a autonomia europeia no quesito segurança, sem depender exclusivamente dos Estados Unidos. O aumento proposto é uma resposta direta à crescente incerteza sobre o apoio americano e a necessidade de aumentar a autossuficiência da Europa.
Além do empréstimo de 150 bilhões de euros, a Comissão Europeia propôs a isenção dos gastos com defesa das regras fiscais que limitam os gastos governamentais na União Europeia. Para atingir esse objetivo, os países da UE precisariam aumentar seus gastos com defesa em uma média de 1,5% do PIB. Estima-se que esse aumento poderia gerar um espaço fiscal de cerca de 650 bilhões de euros, que seria utilizado para financiar os projetos de defesa.
A proposta também sugere que os fundos de coesão da UE, que são destinados a igualar os padrões de vida entre os países membros, possam ser realocados para financiar iniciativas de defesa. O objetivo é permitir que os países da União Europeia possam, de forma coletiva, responder mais eficazmente aos desafios de segurança e aumentar sua capacidade de autodefesa.
A Comissão Europeia ressaltou ainda que o financiamento conjunto permitirá à Europa garantir sua segurança e resiliência no futuro, trabalhando de maneira estreita com os parceiros da OTAN. “Este é um momento crucial para a Europa, e estamos prontos para intensificar nossos esforços”, concluiu von der Leyen.
A proposta foi formulada em um momento em que a Europa está cada vez mais consciente da necessidade de tomar as rédeas de sua própria defesa. As tensões globais e as políticas externas imprevisíveis de algumas potências, como os Estados Unidos, aumentam a pressão sobre o bloco europeu para garantir sua própria segurança, sem depender de terceiros.
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