Na tarde ensolarada de uma sala de aula em Campo Grande, vozes maduras se entrelaçam em diálogos vivos, olhares atentos se voltam para o professor e sorrisos discretos se abrem entre colegas que outrora se sentiam esquecidos pelo tempo. É nesse espaço de troca, escuta e aprendizado que floresce a Universidade da Maturidade (UMA), programa de extensão da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), voltado ao público com 45 anos ou mais. Desde sua criação, em 2023, a UMA tem revelado o potencial infinito que habita nas etapas mais avançadas da vida.
Ao romper com os estereótipos que frequentemente limitam o envelhecimento a um tempo de perdas, a UMA oferece formação integral, gratuita e afetiva, com foco em educação continuada, inclusão digital, saúde, cidadania e vínculos sociais. O projeto já conta com 120 extensionistas ativos apenas em Campo Grande e projeta novas turmas e formatos voltados a populações específicas, como indígenas, quilombolas e comunidades pantaneiras.
“Eu tinha medo de ser inservível e hoje me sinto útil”, confessa Maria Neuza dos Santos, pedagoga aposentada de 64 anos. Sua fala ecoa a transformação vivida por dezenas de colegas que encontraram na UMA mais do que um curso: redescobriram o sentido de pertencimento. Com aulas, oficinas, rodas de conversa e vivências, os participantes não apenas aprendem, mas se tornam multiplicadores de saber, levando conhecimento a escolas, centros de convivência, unidades básicas de saúde e demais espaços da comunidade.
A costureira Ivanilda Bezerra, de 76 anos, realizou na UMA um sonho antigo. “Sempre quis fazer faculdade. Só consegui agora. Estou feliz, realizada. Esse projeto precisa alcançar mais vidas, especialmente quem está em casa triste e solitário”, declara, com brilho nos olhos.
A iniciativa é coordenada pelo professor Dr. Djanires Neto, que defende uma abordagem ativa e cidadã do envelhecimento. Segundo ele, a proposta da UMA vai além da sala de aula. Ao final da formação, os alunos se tornam educadores político-sociais da velhice, com embasamento nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e no Estatuto da Pessoa Idosa. “Nosso objetivo é formar cidadãos críticos, ativos e conscientes do seu papel social, promovendo uma longevidade com dignidade”, explica o professor.
João Sidnei Penrabel, major da reserva do Corpo de Bombeiros, de 68 anos, define a UMA como um antídoto contra a solidão. “Aqui a gente aprende, compartilha e leva tudo para fora. Depressão, para quem está aqui, não tem espaço. Saímos melhores do que entramos.”
Mais do que um espaço de instrução, a Universidade da Maturidade se configura como um lugar de acolhimento emocional. Quando um dos participantes faleceu, a coordenação acionou um psicólogo para amparar o grupo. “Isso nos mostrou que somos ouvidos, que importamos. Aqui não estamos só aprendendo, estamos sendo cuidados”, relata Carlindo, bancário aposentado. Ele destaca também a seriedade do curso. “Não é um lugar que só junta velhinhos. Discutimos temas profundos, com professores qualificados. Isso nos dá ânimo e nos move.”
A inclusão digital é outro pilar do programa. Em um mundo cada vez mais tecnológico, a UMA capacita seus alunos para lidar com ferramentas digitais, redes sociais, aplicativos e plataformas online. Jane Maria Tortorelli, de 79 anos, que antes se dedicava apenas ao crochê, hoje domina recursos digitais e participa ativamente das atividades da turma. “Me sinto mais feliz, mais ativa. Aqui somos uma família. É muito amor e amizade.”
Para Elba Margarita, 74 anos, venezuelana radicada em Campo Grande, a UMA simboliza o reencontro com a dignidade. “Saímos do anonimato para o protagonismo. Aqui me sinto em casa. A UMA é qualidade de vida, é vida nova.”
O programa também promove ações sociais e comunitárias. Os alunos participam de campanhas educativas, palestras, feiras e eventos culturais. A primeira turma, formada em 2023, graduou 90 educadores sociais. As próximas inscrições estão previstas para agosto de 2025, com início das aulas em fevereiro de 2026. Não há exigência de escolaridade prévia: basta ter 45 anos ou mais e o desejo de aprender e se conectar.
“Queremos alcançar todos aqueles que sentem que a vida já não reserva mais oportunidades. A UMA mostra que sempre há tempo de ensinar, de aprender, de transformar”, conclui o professor Djanires, emocionado com o impacto do projeto que já transbordou os muros da universidade e segue crescendo por todo o estado.
A Universidade da Maturidade não apenas ensina conteúdos, mas devolve autoestima, constrói redes de apoio, resgata sonhos antigos e planta novos. Em cada aula, há o renascimento de esperanças e a certeza de que envelhecer pode, sim, ser sinônimo de florescer.
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