A incorporação da vacina contra a dengue ao Sistema Único de Saúde (SUS) é uma batalha vencida, mas a guerra contra o Aedes e a epidemia da arbovirose está longe de terminar. Somente neste ano, mais de mil pessoas morreram, e 23 mil contraíram a forma grave da doença isso é mais do que em todo o ano passado. Somente em Minas, foram 193 mortes e 2.152 casos graves até o último dia 18.
Inicialmente, serão oferecidas na rede pública 6,2 milhões de doses, que protegem contra os quatro sorotipos. Os testes indicaram uma eficácia de 90,4% para evitar casos graves. O volume contemplará apenas uma fração do público (3,1 milhões, entre 4 e 60 anos, pois são necessárias duas doses). Mesmo a oferta sendo limitada, segundo a Sociedade Brasileira de Imunização, será importante para evitar o agravamento dos casos nos indivíduos mais vulneráveis.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou para a crescente chance de uma epidemia do sorotipo 3 no próximo ano, pois há 15 anos não ocorrem casos dele em larga escala no país, o que indica uma baixa imunidade da população para a doença e maior risco de ocorrência de casos graves.
Para 2024, o Ministério da Saúde já advertiu para o agravamento da epidemia em três regiões: Centro-Oeste brasileiro, Espírito Santo e Minas Gerais. Em 1.506 municípios dessas três áreas, o nível de infestação do mosquito é de alerta.
Por conta disso, é preciso que o combate à dengue não se limite à vacinação. Estados e municípios precisam investir no combate ao vetor, e, nesse sentido, os carros fumacê já demonstraram sua eficiência. Sem falar das ações de agentes sanitários no combate aos focos e na orientação da população.
Igualmente importante é a participação individual dos cidadãos. Sete em cada dez criadouros identificados no país estão dentro dos domicílios. Desta forma, é essencial o cuidado para evitar água parada em vasos, pratos de plantas e garrafas, bem como para manter limpas e fechadas as caixas d’água.
Somente com a participação de todos, o país poderá evitar mortes e vencer a dengue.
Quem pode se vacinar com a Qdenga?
De acordo com a Anvisa, a Qdenga é indicada para pessoas de 4 a 60 anos. Não foram feitos estudos para avaliar a eficácia da vacina em pessoas com mais de 60 anos.
Além disso, podem se vacinar com a Qdenga tanto quem já teve dengue, quanto quem nunca foi infectado. Essa é a primeira vacina liberada no país para pessoas que nunca entraram em contato com o vírus da dengue.
Mas não podem ser imunizados com a vacina quem tem alergia a algum dos componentes, quem tem o sistema imunológico comprometido ou alguma condição imunossupressora, ou gestantes e lactantes.
A Qdenga vai ser aplicada de graça?
Desde a aprovação pela Anvisa em março, clínicas particulares passaram a disponibilizar a vacina Qdenga para seus consumidores.
Agora, o imunizante do laboratório Takeda Pharma passa a integrar também o Programa Nacional de Imunizações (PNI), que reúne as vacinas aplicadas gratuitamente pelo SUS.
Quando a Qdenga começa a ser aplicada?
A vacinação com a Qdenga está prevista para começar em fevereiro, mas não será em larga escala. Segundo o Ministério da Saúde, o SUS oferecerá 6,2 milhões de doses ao longo de 2024.
Como o imunizante é aplicado em um esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações, cerca 3,1 milhões de pessoas poderão ser imunizadas no próximo ano.
Essas doses serão destinadas a “público e regiões prioritárias”, segundo a pasta, mas não deu outros detalhes.
