Nos bastidores da política brasileira, o ritmo acelerado do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) tem gerado grande apreensão entre seus aliados. O ex-presidente, que foi denunciado em fevereiro de 2025, tem sido alvo de um processo judicial que, segundo fontes próximas, pode resultar em sua prisão já em 2025. A rapidez com que os procedimentos estão sendo conduzidos tem surpreendido, tanto pela celeridade quanto pela falta de medidas de discrição por parte do Supremo Tribunal Federal (STF). Este cenário tem sido descrito como um “massacre” pelos bolsonaristas, que apontam que o tribunal não está demonstrando interesse em um processo mais cuidadoso e respeitoso.
Bolsonaristas com quem a reportagem conversou indicam que a expectativa é de que o julgamento de Bolsonaro seja concluído até setembro deste ano, e que o ex-presidente possa ser preso em um período de oito meses. O próprio entorno de Bolsonaro reconhece que o processo está avançando muito mais rápido do que o esperado, e essa aceleração foi vista como uma tentativa do STF de finalizar o caso de maneira expeditiva, ignorando procedimentos tradicionais e rompendo com a maneira usual de condução de outros processos de grande escala.
Os exemplos citados pelos aliados de Bolsonaro sobre a velocidade do julgamento são numerosos e demonstram o ritmo incomum do processo. O caso foi iniciado com a denúncia apresentada em uma quarta-feira à noite, e, no dia seguinte, Bolsonaro foi citado no começo da tarde, algo que não costuma ocorrer com tal rapidez. Ainda mais surpreendente foi o fato de que, no mesmo dia em que os autos foram devolvidos à Procuradoria-Geral da República (PGR), o ministro relator, Alexandre Moraes, liberou o processo para julgamento, com agendamento do julgamento do recebimento da denúncia no mesmo dia. Esses procedimentos rápidos são apontados como atípicos, e muitos veem neles um reflexo da pressão política que o ex-presidente vem enfrentando.
A comparação com o julgamento do Mensalão, que levou anos para ser concluído, está sendo frequentemente feita no contexto atual. No Mensalão, os réus tiveram que esperar sete anos entre a denúncia da PGR e a sentença final, que foi proferida em 2014. Agora, em contraste, o julgamento de Bolsonaro pode ser concluído em apenas oito meses, o que tem gerado críticas dentro do seu grupo político. Eles argumentam que o processo está sendo acelerado de forma excessiva e sem a devida atenção aos detalhes, algo que pode colocar em risco a justiça do caso.
Em paralelo ao julgamento acelerado, o entorno de Bolsonaro também está avaliando uma reação internacional semelhante à que foi adotada pela defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2016. Naquele ano, Cristiano Zanin, advogado de Lula, levou ao Comitê de Direitos Humanos da ONU a denúncia de irregularidades no julgamento de seu cliente, um movimento que gerou repercussões internacionais. Zanin denunciou o que classificou como uma “cruzada” por parte de Sergio Moro e da Lava Jato contra Lula. Agora, os bolsonaristas discutem a possibilidade de levar o caso de Bolsonaro para fora do Brasil, tentando alertar o mundo sobre o que consideram ser um julgamento excepcional e, por isso, injusto.
Essa avaliação de um julgamento rápido também levanta questões sobre o impacto social e político. De acordo com fontes próximas a Bolsonaro, a agilidade do processo pode gerar um grande risco de convulsão social. A crescente insatisfação popular com o governo Lula, que atualmente enfrenta uma baixa popularidade, tem alimentado essa preocupação. Bolsonaro continua a ser um forte adversário político e, de acordo com diversas pesquisas, lidera as intenções de voto para a eleição presidencial de 2026, o que preocupa ainda mais seus opositores.
A preocupação com os efeitos sociais de uma prisão antecipada de Bolsonaro também está sendo discutida nos bastidores. Muitas lideranças bolsonaristas acreditam que, se o ex-presidente for preso, isso poderia resultar em uma reação popular considerável, o que poderia gerar manifestações de apoio ao ex-presidente e até mesmo complicações políticas para o governo Lula. No entanto, há também uma expectativa de que o STF esteja subestimando o impacto dessas ações, ignorando que a rapidez do processo pode inflamar ainda mais a polarização política no país.
Além disso, fontes próximas a Bolsonaro acreditam que o ex-presidente possui apoio suficiente no Congresso para que, eventualmente, se aprovem medidas como uma anistia para ele e para outros investigados dos atos de 8 de janeiro. Eles defendem que, em uma situação de pressão popular e com o aumento das tensões políticas, o STF poderia ser forçado a reconsiderar a celeridade do julgamento, à medida que um clamor social em defesa de Bolsonaro ganhasse força. A possibilidade de uma anistia se tornaria, portanto, uma carta na manga para evitar a prisão do ex-presidente e diminuir os riscos de uma maior instabilidade política no país.
Esse contexto de pressa no julgamento tem sido encarado com desconfiança por aliados de Bolsonaro, que acreditam que a conduta do STF vai além da legalidade, transformando o processo em uma ferramenta política para minar as chances de Bolsonaro na corrida presidencial de 2026. Para eles, a pressão da corte e a rapidez nas ações visam não apenas alcançar uma condenação, mas também influenciar o cenário político de maneira mais ampla.
Em meio a essa situação, o ex-presidente Bolsonaro tem se mostrado surpreso com a velocidade do processo, mas suas defesas e estratégias já estão sendo moldadas para enfrentar o que acreditam ser uma tentativa de silenciá-lo politicamente. A intensificação do processo judicial contra ele só reforça o clima de polarização no Brasil, um país onde as disputas eleitorais e políticas estão cada vez mais acirradas.
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