O clima de celebração e fé deu lugar ao descontentamento e à cobrança popular na noite desta quarta-feira, 12 de junho, durante a abertura da tradicional Festa de Santo Antônio, padroeiro de Campo Grande. Realizada na Praça do Rádio Clube, no coração da capital sul-mato-grossense, a solenidade foi marcada por uma sonora vaia dirigida à prefeita Adriane Lopes (PP), que compareceu ao evento acompanhada de assessores e autoridades locais.
As vaias, que ecoaram em meio à multidão, escancararam o abismo entre a gestão municipal e os anseios da população. Enquanto fiéis participavam das festividades religiosas, a manifestação popular expôs, de forma contundente, o descontentamento generalizado com a atual administração. A prefeita tentou manter a compostura, mas o constrangimento foi evidente. A recepção negativa não apenas interrompeu os discursos cerimoniais, como também gerou repercussão imediata nas redes sociais e na imprensa local.
Entre os principais motivos da insatisfação, destacam-se o colapso dos serviços de saúde, a precariedade da infraestrutura urbana e o enfraquecimento da máquina pública. Munícipes relatam diariamente a superlotação das UPAs, longas esperas por atendimento e a constante falta de medicamentos nas unidades básicas de saúde. Além disso, a Operação Tapa-Buracos, criticada por seu caráter paliativo e alto custo, falha em dar conta das centenas de ruas esburacadas que colocam em risco motoristas e pedestres em diversos bairros da cidade.
A iluminação pública também é motivo recorrente de queixas. Diversas vilas e regiões periféricas da capital permanecem às escuras, vulneráveis à criminalidade, mesmo com apelos reiterados da comunidade por soluções. Ao cair da noite, bairros inteiros se tornam reféns da escuridão, reflexo da inoperância do setor de manutenção urbana.
O transporte coletivo, considerado um dos mais caros e ineficientes do país, soma-se à lista de agravantes. Ônibus velhos, atrasos constantes, superlotação e falhas de manutenção transformaram o ir e vir do campo-grandense em um desafio diário. Para os usuários, a qualidade não condiz com o preço da tarifa, que consome parte significativa do orçamento de trabalhadores e estudantes.
No Paço Municipal, o cenário é igualmente preocupante. Servidores denunciam a completa falta de diálogo com a administração, atrasos em benefícios, cortes de gratificações e a ausência de reajuste salarial há três anos. A desvalorização do funcionalismo público atinge diretamente setores essenciais como educação, saúde e segurança, comprometendo a qualidade do atendimento à população.
Além da má gestão, paira sobre Adriane Lopes uma grave acusação judicial. A prefeita é alvo de um pedido de cassação de mandato por suposta compra de votos nas eleições de 2024. O processo já foi julgado em instâncias anteriores e agora aguarda decisão final do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), podendo ter seu desfecho ainda neste mês. Caso confirmada a cassação, Campo Grande poderá passar por nova eleição, o que acirra ainda mais o ambiente político.
Outro ponto que alimenta as críticas é a prática de nepotismo na administração municipal. Parentes e aliados políticos ocupam cargos de confiança, gerando revolta entre profissionais de carreira e entre cidadãos que esperam transparência e meritocracia na gestão da cidade. O que deveria ser um modelo de serviço público republicano se transforma, nas palavras de muitos moradores, em um feudo de interesses familiares e partidários.
A rejeição demonstrada durante a festa religiosa não é um caso isolado. Ela reflete o sentimento de frustração acumulado nos últimos meses e o desgaste crescente da imagem da prefeita. O episódio da Praça do Rádio Clube apenas materializou a insatisfação que se amplia nas ruas, nos ônibus, nas unidades de saúde, nas escolas e nos lares campo-grandenses.
A gestão Adriane Lopes entra em um momento crítico. Com a popularidade em queda e enfrentando uma possível cassação, a prefeita chega ao meio do ano pressionada por todos os lados. A resposta do povo na festa do padroeiro é clara: a fé continua forte, mas a paciência com a política da cidade parece ter se esgotado.
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