Uma descoberta intrigante está movimentando os bastidores da aviação em Mato Grosso do Sul. Um jato executivo que pertenceu ao megatraficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía, conhecido como “Chupeta”, foi encontrado passando por uma suposta reforma dentro do hangar do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande. O avião, um Gulfstream G-II, foi leiloado em 2014 como sucata, com um lance mínimo de apenas R$ 16.576,00. Agora, a aeronave, que deveria estar fora de circulação, parece estar sendo preparada para voltar a operar.
A história veio à tona após uma postagem no TikTok do influenciador Marcelo Trentini, que esteve no local e filmou a aeronave. “Eu estou em frente ao avião que pertencia ao megatraficante Juan Carlos Abadía. Ele foi preso no Brasil em 2007 e extraditado para os Estados Unidos em 2008. Uma das aeronaves que pertencia a ele, o Gulfstream G-II, está aqui em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul”, afirmou Trentini no vídeo que viralizou nas redes sociais.
Avião de alto luxo vendido por valor simbólico
A venda da aeronave por um valor tão baixo chamou atenção. O Gulfstream G-II é um jato executivo de alta performance, fabricado entre 1967 e 1979, e foi um dos modelos mais avançados de sua época. Segundo especialistas do setor, um avião desse tipo, dependendo do estado de conservação e das reformas necessárias, pode valer entre US$ 125.000 e US$ 800.000 no mercado internacional.
A questão que permanece sem resposta é por que a aeronave permaneceu inativa por cerca de 10 anos após o leilão e quem exatamente arrematou o jato. O preço final de venda também levanta dúvidas sobre as condições em que o avião foi adquirido. O que se sabe é que o possível novo dono do Gulfstream seria um empresário mexicano, cujo nome não foi divulgado.
Outro indício de que a aeronave pode ter mudado de país é que ela perdeu sua antiga matrícula brasileira (PP-EMS), conforme consulta ao site da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Isso pode indicar que o avião foi registrado em outro país, um procedimento comum quando aeronaves são exportadas.
Quem foi Juan Carlos Ramírez Abadía, o “Chupeta”?
O colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía foi um dos maiores narcotraficantes da história da Colômbia. Ele era líder do Cartel do Norte do Vale, uma das mais poderosas organizações criminosas da América Latina, responsável pelo envio de milhares de toneladas de cocaína para os Estados Unidos. Durante anos, “Chupeta” foi um dos homens mais procurados do mundo e acumulou uma fortuna bilionária através do tráfico internacional de drogas.
Abadía foi preso em 2007 no Brasil, em uma operação que revelou uma complexa rede de lavagem de dinheiro e uso de documentos falsos. Em 2008, ele foi extraditado para os Estados Unidos, onde cumpre pena.
Durante sua prisão, diversas propriedades e bens de luxo foram confiscados, incluindo imóveis, carros e aviões. O Gulfstream G-II foi uma dessas posses apreendidas pelo governo brasileiro, posteriormente incluída no leilão oficial de bens confiscados do tráfico de drogas.
Mistérios sobre a reforma do avião
A presença do jato reformado em um hangar público e a possibilidade de que ele esteja prestes a voltar a operar geraram questionamentos sobre o destino da aeronave e a identidade do comprador. O governo estadual ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso.
A história do Gulfstream G-II levanta questões sobre o destino de bens apreendidos de grandes criminosos e o que realmente acontece com eles após leilões supostamente transparentes. Se a aeronave de um dos maiores narcotraficantes da história conseguiu escapar da sucata e voltar a voar, o que mais pode estar acontecendo nos bastidores?
#TráficoDeDrogas #Aeronave #CrimeOrganizado #Narcotráfico #Justiça #Apreensão #Brasil #Avição #Gulfstream #Leilão #Segurança #Cartel