A cidade de Coronel Sapucaia, localizada a cerca de 395 quilômetros de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, foi palco de mais uma execução violenta que evidencia o clima de tensão e criminalidade presente na região de fronteira. Na tarde de quarta-feira, 2 de julho, João Cardoso Dias Neto, de apenas 26 anos, foi brutalmente assassinado com pelo menos cinco tiros no bairro Jardim Ypê. Horas antes do crime, ele havia alertado amigos e familiares sobre ameaças de morte que vinha recebendo por parte do ex-companheiro de sua atual namorada.
A execução ocorreu por volta das 17h25, no cruzamento das ruas Amâncio José da Silva com Rachid Saldanha Derzi. João transitava em seu veículo quando foi interceptado por um carro com placas do Paraguai. Segundo testemunhas, os pistoleiros emparelharam o veículo ao lado do carro da vítima e abriram fogo, atingindo inicialmente a lataria. Na tentativa de escapar, João tentou sair do carro, mas foi alvejado por tiros de calibre 9mm no tórax e nas costas, morrendo antes da chegada do socorro.
As investigações revelam que João vinha sendo ameaçado pelo ex-marido de sua atual companheira, que não aceitava o relacionamento. Áudios e vídeos enviados ao próprio João evidenciam o teor das ameaças. Em um dos registros, o homem exibia uma arma e afirmava ser “bandido”, reforçando que não aceitava que mexessem com sua família. “Chegar aí, nós troca uma ideia, eu sou bandido”, disse o autor do vídeo, em tom intimidador.
De acordo com relatos dos familiares, João e a namorada mantinham um relacionamento há cerca de seis meses. Nesse período, ele chegou a comprar um carro para a jovem e, segundo pessoas próximas, no mesmo dia de sua execução, havia comentado que receberia uma quantia de R$ 85 mil, valor que pode estar relacionado a negócios ou dívidas pendentes, ainda sob apuração da Polícia Civil.
Outro elemento que pode ter contribuído para o crime é o passado judicial da vítima. João cumpria pena em regime semiaberto e utilizava tornozeleira eletrônica. Ele havia sido flagrado anteriormente com um amigo dirigindo um carro roubado, o que o colocava sob monitoramento das autoridades e, possivelmente, sob a vigilância de grupos criminosos na região de fronteira, onde é comum o tráfico de veículos e o uso da fronteira com o Paraguai como rota para o crime organizado.
A execução de João apresenta todos os indícios de ter sido premeditada. O uso de veículo com placas estrangeiras, armamento de grosso calibre e a abordagem rápida e letal são características típicas de ações de pistoleiros contratados. A Polícia Civil investiga o caso sob a hipótese de crime passional com agravante de execução por vingança, mas não descarta a possibilidade de envolvimento com facções ou organizações criminosas atuantes na faixa de fronteira.
A morte de João Cardoso, somada a outros episódios de violência semelhantes ocorridos nos últimos meses em cidades fronteiriças como Ponta Porã, Pedro Juan Caballero e Amambai, reascende o alerta sobre a vulnerabilidade da segurança pública na região. A fragilidade no controle da fronteira, a presença de grupos armados e o uso de ameaças como forma de coerção emocional ou passional demonstram que o cotidiano dessas cidades é marcado por riscos constantes.
Com apenas 26 anos, João teve sua trajetória interrompida de maneira violenta e repentina. O caso reforça a urgência de políticas públicas de combate ao feminicídio, à violência interpessoal e ao fortalecimento da estrutura de segurança nos municípios do interior do estado, sobretudo nas cidades que fazem divisa com o Paraguai.
O corpo de João foi recolhido e encaminhado ao Instituto Médico Legal. A perícia técnica realizou os levantamentos no local do crime, e diligências seguem em andamento para identificar e prender os responsáveis pela execução. Até o momento, ninguém foi preso.
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