A Polícia Civil vai instaurar inquéritos para apurar outros casos de envenenamentos cometidos por Deise Moura dos Anjos, presa suspeita de envenenar bolo com arsênio em Torres, no Rio Grande do Sul, que deixou três pessoas mortas. Segundo os investigadores, há provas “robustas” de que ela tenha participado de outras tentativas de homicídio. A informação da Operação “Aqua Tofana” foi divulgada pela Polícia Civil em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (10).
Não temos dúvida de que se trata de uma pessoa que praticava homicídios e tentativas de homicídio em série. Por muito tempo não foi descoberta, e por muito tempo tentou apagar as provas delegada Sabrina Deffente, diretora regional da polícia no Litoral Norte.
A Polícia Civil confirmou a informação de que o sogro da suspeita, Paulo Luiz dos Anjos, também morreu envenenado por arsênio ainda em setembro de 2024. Na época, a causa da morte do homem foi por infecção intestinal. Ele teve o corpo exumado nesta quarta-feira (8).
Impossível neste caso se tratar de intoxicação alimentar, contaminação natural ou degradação de qualquer substância. Conclui-se que a causa da morte de Paulo foi envenenamento diz a diretora do Instituto Geral de Perícias (IGP), Marguet Mittmann.
A polícia teve acesso a mensagens enviadas por Deisi à sogra, Zeli dos Anjos, dias após a morte de Paulo. A suspeita diz não saber o que poderia ter matado o sogro e afirma que “era a hora dele”. Ela também teria tentado cremar o corpo do homem, mas não conseguiu a assinatura do médico.
“Bom, não sei. Acho que eu não faria nada pois pode ter sido várias coisas: intoxicação alimentar, negligência médica, a banana poderia estar contaminada pela enchente. Era a hora dele mesmo”, diz a mensagem enviada por Deise divulgada pela polícia nesta sexta-feira.
Paulo Luiz morreu após tomar café com leite em pó e comer bananas. Zeli dos Anjos, também passou mal na ocasião.
Em outra mensagem enviada a mais uma pessoa, a suspeita pede para que rezem por ela quando morrer. “Quando eu morrer, cuide do meu filho e reza bastante por mim porque é bem provável que eu não vá para o paraíso”
Deise deu um depoimento de cerca de 5 horas à polícia para falar sobre os casos de envenenamento. Os investigadores classificaram a mulher como “pessoa extremamente manipuladora, calma, firme nas suas afirmações e convincente”.
Posso dizer com certeza: ela pesquisou, comprou, recebeu e usou veneno para matar as vítimas afirma o delegado Cléber dos Santos Lima, chefe do Departamento de Polícia do Interior (DPI) da Polícia Civil.
O nome da operação “Aqua Tofana” faz referência a um veneno usado por mulheres no século 17.
Quem é a suspeita
Deise é suspeita de triplo homicídio duplamente qualificado e tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada. Ela está presa no Presídio Estadual Feminino de Torres.
Uma perícia feita no celular de Deise constatou que ela pesquisou pela internet em lojas virtuais, em 18 de novembro, por “veneno para o coração” e “veneno para humanos” enquanto estava na casa da sogra. Termos parecidos, relacionados a “arsênio”, foram pesquisados por ela por cerca de 100 vezes.
Em nota, a defesa da suspeita alegou que não teve acesso ao inquérito e que a família colabora desde o início com as investigações. “Cumpre salientar, que as prisões temporárias possuem caráter investigativo, de coleta de provas, logo ainda restam diversos questionamentos e respostas em aberto neste caso, os quais não foram definidos ou esclarecidos no inquérito”, diz o comunicado dos advogados.
O que se sabe sobre o caso
Sete pessoas da mesma família estavam reunidas em uma casa na cidade de Torres, durante um café da tarde em 23 de dezembro, quando começaram a passar mal. Apenas uma delas não teria comido o bolo.
Três mulheres morreram com intervalo de algumas horas. Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória, segundo o hospital onde receberam atendimento. Neuza Denize Silva dos Anjos teve a morte divulgada como “choque pós-intoxicação alimentar”.
Uma criança que também consumiu a sobremesa chegou a ficar internada por vários dias, mas já recebeu alta e se recupera em casa. Segundo o delegado Veloso, Zeli foi a única pessoa da casa a comer duas fatias. A maior concentração do veneno foi encontrada no sangue dela.
Zeli fez o bolo e levou para a festa de fim de ano familiar em Torres. A perícia do IGP constatou que a farinha usada para fazer o doce é que foi envenenada com arsênio, veneno que já havia sido encontrado no corpo das vítimas pelo hospital onde elas receberam atendimento.
Conforme a investigação policial, a relação entre nora e sogra era difícil desde o início da relação, que existia há cerca de 20 anos. No entanto, a motivação para o crime não está clara. A Polícia Civil não entrou em detalhes a respeito de quem seria o alvo objetivo de Deise ao envenenar a farinha do bolo, quando fez isso e onde obteve o veneno.
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