Na cidade de Costa Rica, no norte de Mato Grosso do Sul, uma tragédia rompeu o silêncio na noite de sexta-feira, 27 de junho. Rose Antônia de Paula, de 39 anos, foi brutalmente assassinada com golpes de facão dentro de sua quitinete. O autor do crime, segundo a polícia, é seu próprio companheiro, Juliano Pinheiro de Oliveira, homem com um histórico de violência e já denunciado por ela por estupro, agressões físicas e ameaças de morte. Ele permanece foragido até o momento.
O feminicídio foi descoberto apenas na manhã de sábado, quando amigas de Rose estranharam sua ausência no café da manhã, um ritual habitual que ela mantinha com outras mulheres no restaurante onde trabalhava. Após diversas tentativas de contato sem sucesso, elas decidiram ir até sua residência. Ao chegarem à quitinete, encontraram manchas de sangue sob a porta e acionaram a Polícia Militar. O corpo de Rose já estava sem vida, caído dentro do imóvel, em meio a uma cena de violência extrema.
O suspeito, Juliano, teria chegado ao local por volta das 20h da sexta-feira e saído pouco depois, sozinho, em uma motocicleta vermelha. Desde então, está desaparecido. A Polícia Civil realiza buscas na região e pede o auxílio da população, que pode fazer denúncias anônimas pelo número (67) 3247-6500.
Histórico de violência e omissão institucional
A dor da perda de Rose se agrava com a lembrança de que ela não permaneceu em silêncio diante da violência que sofria. Em outubro de 2022, após manter um relacionamento de dez meses com Juliano, a vítima procurou a delegacia local. Relatou que havia sido espancada com socos no rosto e ameaçada com um canivete. Sua filha de apenas oito anos, que tentou defendê-la, também foi agredida. Na ocasião, Juliano foi preso, mas a liberdade posterior e a falta de medidas protetivas eficazes permitiram a reaproximação do agressor.
Meses depois, em maio de 2023, Rose voltou à delegacia, desta vez para denunciar um crime ainda mais grave: o estupro de uma menina de 11 anos. Ela afirmou que Juliano abusava da criança, passando as mãos em seu corpo e ameaçando-a de morte caso contasse a alguém. O Conselho Tutelar foi acionado, mas, segundo informações, não houve encaminhamento adequado, e a vítima foi orientada a buscar ajuda por conta própria na polícia.
O caso expõe, de forma dolorosa, falhas em uma rede de proteção que deveria ter agido com rigor para impedir a tragédia. Rose Antônia de Paula pediu ajuda. Gritou por socorro através de boletins de ocorrência, denúncias formais e relatos às autoridades. Mesmo assim, foi assassinada de forma cruel, sem que o Estado pudesse evitar o desfecho.
Onde buscar ajuda
Casos como o de Rose reforçam a importância de que mulheres em situação de violência saibam onde e como pedir ajuda, e que a sociedade esteja atenta a sinais de agressão.
Em todo o Brasil, mulheres podem recorrer à Central de Atendimento à Mulher, por meio do número 180, serviço gratuito e confidencial, que funciona 24 horas por dia, inclusive nos finais de semana. Além disso, cada estado conta com Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM), Centros de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM) e serviços de acolhimento psicológico e jurídico, disponíveis nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS).
Em situações de emergência, o número 190 da Polícia Militar deve ser acionado imediatamente.
Uma ferida aberta
O assassinato de Rose é mais um entre tantos casos de feminicídio que se repetem no Brasil. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma mulher é morta a cada sete horas no país, vítima de violência motivada por gênero. Em sua maioria, os agressores são pessoas próximas: companheiros, ex-maridos, namorados.
Rose deixa uma filha, amigas e uma comunidade inteira em estado de choque. Seu caso não pode cair no esquecimento. É preciso que ele sirva como alerta urgente às instituições, para que casos de violência contra a mulher recebam a devida atenção, e que cada denúncia seja tratada com a seriedade que merece. A tragédia de Rose Antônia de Paula não foi apenas o resultado da brutalidade de um homem, mas também de um sistema que falhou em protegê-la.
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