Mato Grosso do Sul, 9 de maio de 2025
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Esquema milionário de emendas: hospital contrata lobista e políticos direcionam verba suspeita

Investigação da PF revela indícios de propina e desvio de dinheiro público em contratos de captação de recursos para o Hospital Ana Nery

O Brasil se depara com mais um escândalo envolvendo o uso questionável de emendas parlamentares, dessa vez centrado no Hospital Ana Nery, no Rio Grande do Sul. A unidade contratou um lobista para intermediar a captação de dinheiro público e, logo depois, sete parlamentares destinaram verbas milionárias ao hospital.

A Polícia Federal (PF) investiga se a contratação do operador Cliver Fiegenbaum, que cobrava 6% sobre o valor das emendas, configura um esquema de desvio de dinheiro público e pagamento de propina. Documentos obtidos pela Operação Emendafest mostram que Cliver era responsável por garantir que parlamentares enviassem verbas para a unidade hospitalar.

Fontes da PF afirmam que há fortes indícios de que os recursos foram negociados mediante contrapartidas ilícitas. “Isso pode ir muito além de uma simples intermediação. Se confirmada a troca de favores, estamos diante de um esquema criminoso que pode envolver corrupção ativa e passiva, além de improbidade administrativa”, afirmou um investigador envolvido no caso.

Parlamentares envolvidos: quem são e quanto destinaram

A PF já identificou sete parlamentares que empenharam verbas ao Hospital Ana Nery logo após a contratação do lobista Cliver Fiegenbaum. Os repasses foram registrados entre 2023 e 2024, e nenhum valor foi pago até o momento, segundo o Portal da Transparência.

Os políticos que destinaram verba ao hospital incluem dois senadores e cinco deputados de diferentes partidos. A diversidade ideológica dos envolvidos sugere que o esquema transcende alinhamentos políticos e está enraizado em um modus operandi consolidado no Congresso Nacional.

Confira os valores empenhados por cada parlamentar:

  • Senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) – R$ 400 mil
  • Senador Paulo Paim (PT-RS) – R$ 100 mil
  • Deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) – R$ 380 mil
  • Deputada Maria do Rosário (PT-RS) – R$ 200 mil
  • Deputado Afonso Motta (PDT-RS) – R$ 199.995
  • Deputado Bohn Gass (PT-RS) – R$ 137.627
  • Deputado Bibo Nunes (PL-RS) – R$ 128.441

A Polícia Federal destaca que a cronologia dos eventos levanta suspeitas. “O hospital contrata um lobista no final de 2022 e, logo depois, os parlamentares começam a empenhar verbas para lá. Isso não parece mera coincidência”, afirmou um delegado que acompanha as investigações.

O rastro de suspeitas: PF encontra mensagens sobre propina

O deputado Afonso Motta (PDT-RS) está no centro das investigações, pois seu assessor Lino Furtado foi alvo de busca e apreensão. Segundo os investigadores, conversas interceptadas indicam o pagamento de propina para liberação das emendas.

“O que identificamos é um padrão comum em esquemas de corrupção: o dinheiro público sendo tratado como um bem negociável, e os parlamentares sendo pressionados por intermediários a direcionar recursos para determinados locais, em troca de uma ‘comissão’”, afirmou um delegado da PF sob sigilo.

A PF analisa extratos bancários, registros de comunicação e contratos firmados pelo hospital com intermediários. Caso se confirme que as emendas foram liberadas mediante pagamento de propina, os envolvidos poderão responder por corrupção, peculato e associação criminosa.

Parlamentares tentam se desvincular do escândalo

Diante das suspeitas, os políticos envolvidos se apressaram em negar qualquer irregularidade, alegando que apenas destinaram recursos para um hospital que atende a população.

O senador Hamilton Mourão, que empenhou o maior valor, negou envolvimento com o lobista e afirmou que “não recebe intermediários”. “Sempre faço meus repasses diretamente às prefeituras ou diretorias dos hospitais”, declarou.

A deputada Maria do Rosário justificou sua emenda dizendo que o pedido partiu da bancada do PT de Santa Cruz do Sul e que não tem qualquer relação com funcionários do hospital ou intermediários.

Já o senador Paulo Paim reforçou que desconhecia qualquer irregularidade e que “não trabalha com lobistas”.

O deputado Bibo Nunes, por sua vez, foi mais evasivo. “Realmente não lembro quem me pediu essa emenda, mas nunca tratei com intermediários”, afirmou.

O escândalo das emendas parlamentares: um problema sem solução?

A cada nova investigação, fica mais evidente que o sistema de emendas parlamentares virou um balcão de negócios. A contratação de lobistas por instituições de saúde escancara o apodrecimento do sistema, no qual dinheiro que deveria salvar vidas pode estar servindo para enriquecer intermediários e políticos inescrupulosos.

“Isso mostra que o problema das emendas parlamentares não é apenas corrupção, mas um mecanismo institucionalizado de favorecimento político e econômico”, disse um especialista em direito público ouvido pela reportagem.

O caso do Hospital Ana Nery não é isolado. A Operação Emendafest pode ser apenas a ponta do iceberg, e novas investigações devem ser abertas.

A grande questão que permanece é: quem fiscaliza o fiscalizador? Enquanto não houver transparência e controle sobre como o dinheiro público é distribuído, o Brasil seguirá refém de um sistema que favorece acordos obscuros e deixa a população sem serviços essenciais.

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