Em 2022, Anitta chegou ao top 1 do Spotify mundial com “Envolver” e viu sua carreira internacional deslanchar. No meio disso tudo, a mulher por trás da Poderosa, Larissa de Macedo Machado, viu sua saúde ser abalada por algo que ela nunca descobriu.
A cantora, de 31 anos, conta que chegou a fazer exames para ver se era câncer e brinca que talvez possa ter sido um vodu que “jogaram nela”. O fato é que o período conturbado fez a carioca de Honório Gurgel pensar em fazer o “álbum de sua vida”, como ela descreve. Ontem, ela mostrou para o público “Funk generation”, um projeto com 15 músicas do gênero que a tornou conhecida no Brasil.
Achei que fosse morrer e pensei: “Vou deixar o melhor álbum da minha vida”. Comecei a gravar a distância. Depois, fiquei bem, fui em várias jornadas espirituais e tirei tudo no “limpa, limpa” diz ela.
A artista, no entanto, teve que enfrentar diversos obstáculos para lançar o trabalho:
Eu queria me arriscar de novo. Por várias vezes, este álbum foi adiado por trazer um ritmo que não existe fora do Brasil. Se vocês soubessem a dificuldade que foi para conseguir colocá-lo na rua… Por isso que estou confortada com qualquer coisa que venha. Para mim, só de ele estar disponível já é a maior celebração.
“Funk generation” apresenta uma coleção de músicas que exploram os diversos subgêneros do funk carioca. “Lose ya breath” abre o álbum e é inspirada na sonoridade dos bailes de corredor. Tem funk melody em “Love in common” (a preferida de Larissa, diz Anitta) e até o proibidão “Savage funk”, que já deu o que falar por causa da letra cheia de palavrões.
Essa música me cativou pela batida. Até me falaram para trocar a letra, mas nada ficava tão legal, divertido e empolgante como falar “f*de pra c*ralho”. Todo mundo transa! Quando letras piores são cantadas por homens, todo mundo escuta e ninguém fala nada. Quando é mulher, falam da mensagem que tô passando. Nessa altura do campeonato, não tô nem aí. Exemplo eu dou na vida como ser humano. Quem quer saber é só me acompanhar nas redes sociais.
A música que eu faço é para dançar na balada, curtir, rebolar, se divertir, beber, sair afirma Anitta, ressaltando que não conseguiria trazer ‘tantas pautas’ em um álbum de funk: Funk é sensualidade. Não consigo encaixar certas coisas na letra de uma música que as pessoas escutam para dançar. Minha ideia é trazer isso em vídeos. Religião, carnaval, nossa cultura.
Polêmica com Sam Smith
A Poderosa gravou um vídeo com a Beija-Flor no carnaval carioca de 2023 para usar numa música com Sam Smith, “Ahí”. O feat com o cantor foi o mais comentado justamente porque Anitta anunciou que a música com ele não sairia mais no álbum. Ela não responde as perguntas sobre o que, de fato, aconteceu, mas comenta sobre o clipe que já tinha até sido gravado.
Se eu conseguir fazer esse clipe sair, se Deus quiser, vocês vão ver as escolas de samba. Não coloquei só mulher bonita dançando, coloquei também velha guarda.
Música sobre candomblé
Em “Aceita”, uma mistura de funk com reggaeton, a cantora aborda a sua religião, o candomblé.
Ela fala de mim, mas como se fosse uma entidade de rua que conquista coisas e tem personalidade forte, como Pombagira, Exu. Minha religião tem muito a ver com o funk, que nada mais é que a cultura afro. A quebra de preconceitos religiosos é algo que gosto de abordar no meu trabalho e na minha vida.
Pedido astronômico
Além de Sam Smith, o álbum tem parceria com Bad Gyal e Brray em “Double Team” e Dennis DJ e Pedro Sampaio em “Joga pra lua”. E quase teve outra com Chloe Bailey, que não saiu por questões burocráticas.
Gravei até clipe, mas no meio do caminho surgiu um pedido astronômico. Se eu ganhar muito dinheiro com o álbum , eu pago! diz ela, que se diverte ao falar sobre o investimento no CD: Trabalho para gastar, não para guardar. No céu, não vou usar dinheiro!
