Em um momento em que Estados Unidos e China travam uma disputa comercial cada vez mais acirrada, o Brasil viu uma janela se abrir. E para não perder tempo, o país decidiu montar uma das maiores comitivas de sua história no setor agropecuário para ir até o território chinês. A missão tem um objetivo claro: garantir que mais produtos brasileiros cheguem ao mercado asiático e conquistar de vez a confiança dos chineses como parceiro comercial estratégico.
Cerca de 150 representantes de diferentes segmentos do agronegócio embarcaram nesta semana rumo à China, com uma agenda extensa que inclui reuniões com importadores, visitas a centros de distribuição e feiras, encontros com autoridades sanitárias e comerciais e até a inauguração de um novo escritório em Pequim. O foco é claro: ganhar espaço no mercado chinês agora que os norte-americanos enfrentam barreiras tarifárias.
A guerra de tarifas entre Washington e Pequim aumentou o custo de exportações dos Estados Unidos para a China, o que representa uma grande chance para o Brasil. O país asiático já é o maior comprador da soja e das carnes brasileiras, mas o potencial vai além. Agora, os brasileiros querem conquistar espaço com frutas, café, milho, algodão, citros, biotecnologia, etanol de milho e subprodutos como o DDG (farelo rico em proteína usado como ração animal).
A agenda da comitiva inclui visitas a cidades do interior da China, onde os hábitos de consumo são diferentes dos grandes centros, e eventos voltados para a promoção da imagem dos produtos brasileiros. Estão previstos encontros com importadores, redes de supermercado, distribuidores e representantes do governo chinês. A ideia é mostrar que o Brasil está preparado para fornecer alimentos de qualidade, com segurança sanitária e de forma constante.
Entre os participantes da missão estão associações de peso como a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). Essas entidades planejam intensificar sua presença na China nos próximos anos, e o primeiro passo será dado nesta viagem com a inauguração de um escritório conjunto em Pequim, que servirá como base para negociações e fortalecimento da marca do agro brasileiro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também estará na China nos dias 12 e 13 de maio para participar do Fórum China-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e deverá se encontrar com o presidente chinês Xi Jinping. A presença de Lula e de autoridades como o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, mostra o peso político da missão.
Para o governo brasileiro e o setor produtivo, o momento não poderia ser mais oportuno. A briga entre chineses e americanos tem dificultado a entrada de vários produtos dos Estados Unidos no mercado chinês, principalmente alimentos. Isso abriu uma oportunidade de ouro para os brasileiros, que agora correm para preencher esse espaço e criar relações comerciais duradouras.
O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, resumiu bem a estratégia: “Está claro que as tarifas entre Estados Unidos e China tornaram muitos produtos americanos inviáveis por lá. O Brasil entende que é hora de se aproximar mais e aproveitar essa janela de oportunidade para ampliar sua presença”.
No setor de frutas, por exemplo, a expectativa é destravar de vez as exportações de melão e uva para a China. Os produtos já têm autorização para embarque, mas ainda enfrentam dificuldades para ganhar escala. A Abrafrutas está enviando uma delegação com 42 pessoas para conhecer melhor o consumidor chinês e negociar com potenciais compradores. “Temos todas as condições de competir muito bem. Só precisamos entender exatamente o que o mercado chinês espera da gente”, explicou Jorge de Souza, gerente técnico da entidade.
Já os produtores de café estão otimistas com a expansão do consumo na Ásia e acreditam que o paladar chinês está cada vez mais sofisticado. A presença brasileira em feiras e encontros comerciais vai ajudar a divulgar a qualidade do café nacional e ampliar os negócios. “A China está pronta para pagar mais por qualidade. O café brasileiro pode conquistar esse espaço com estratégia e presença constante”, afirmou Márcio Ferreira, presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé).
As empresas de carne bovina, aves e suínos, por sua vez, querem alcançar regiões da China ainda pouco exploradas e aproveitar a possível saída de fornecedores americanos. A ideia é fincar os pés no país e garantir que o Brasil continue sendo visto como um parceiro confiável e competitivo.
Além disso, muitos empresários brasileiros aproveitarão a viagem para participar da feira Sial China, um dos maiores eventos do setor de alimentos do mundo, que será realizada em Xangai entre os dias 19 e 21 de maio. Lá, eles poderão mostrar seus produtos, fazer contatos e fechar negócios com distribuidores do mundo inteiro.
A expectativa é de que essa supermissão traga resultados práticos em curto e médio prazo, ajudando o Brasil a diversificar suas exportações, ganhar novos mercados e fortalecer ainda mais o agronegócio como principal motor da economia brasileira.
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