O uso de celulares nas escolas sempre gera debate: será que ajuda ou atrapalha? Para trazer mais clareza sobre essa questão, o Ministério da Educação (MEC) lançou dois guias práticos com orientações para um uso equilibrado e consciente dos dispositivos móveis dentro do ambiente escolar. Os materiais, disponíveis na plataforma MEC RED, foram apresentados durante um webinário transmitido pelo YouTube, reunindo especialistas e gestores educacionais.
Guias para professores e redes de ensino
Os guias foram pensados para dois públicos: um voltado para escolas de todo o país e outro para redes de educação. A ideia é oferecer diretrizes claras sobre o uso pedagógico dos celulares, sem proibição total, mas com regras para evitar distrações e prejuízos ao aprendizado.
O ministro da Educação, Camilo Santana, explicou que a restrição ao uso excessivo dos aparelhos tem um propósito: melhorar a qualidade de ensino e reduzir impactos negativos na vida dos estudantes. “O celular pode ser um aliado do aprendizado quando bem utilizado, mas queremos garantir que a escola continue sendo um espaço de interação e desenvolvimento, e não um ambiente onde cada aluno fica isolado na tela do seu aparelho”, afirmou Santana.
Nova lei regulamenta uso do celular nas escolas
A Lei nº 15.100/2025, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estabelece regras para o uso de dispositivos eletrônicos pessoais durante aulas, recreios e intervalos em todas as etapas da educação básica. O uso é permitido apenas para fins pedagógicos e em situações excepcionais, como necessidades de saúde, acessibilidade ou segurança.
Durante o webinário “Por que discutir o uso de celulares nas escolas? Reflexões e estratégias para um uso consciente”, a secretária de Educação Básica, Kátia Schweickardt, destacou que a nova legislação busca otimizar o uso do celular e garantir que ele seja um recurso didático, e não um obstáculo à concentração e ao convívio social.
Desafios e impactos do uso excessivo
Schweickardt lembrou que, no passado, os intervalos escolares eram momentos de interação, conversas e brincadeiras. “Hoje, vemos os alunos cada um no seu canto, vidrados na tela do celular. Queremos resgatar essa socialização e garantir que o celular seja usado com intenção pedagógica e supervisão dos professores”, explicou.
Outro ponto levantado foi o impacto emocional da redução do tempo de tela. Segundo a secretária, o MEC está preparando as escolas para lidar com possíveis dificuldades enfrentadas pelos alunos devido à ‘abstinência digital’. Professores e gestores receberão orientações sobre como identificar e encaminhar casos que precisem de acompanhamento psicológico, envolvendo redes de apoio à saúde e assistência social.
Além dos impactos sociais e emocionais, estudos apontam que o uso excessivo de celulares na sala de aula compromete o desempenho acadêmico dos alunos. A exposição constante a notificações e redes sociais reduz a capacidade de concentração, prejudica a memorização de conteúdos e interfere no desenvolvimento do raciocínio crítico. Muitos professores relatam dificuldades em manter a atenção dos estudantes durante as aulas, pois o uso indiscriminado dos dispositivos desvia o foco das atividades pedagógicas.
Pesquisas indicam que alunos que usam celulares de forma irrestrita apresentam notas mais baixas em avaliações e maior dificuldade em desenvolver habilidades de leitura e escrita. Além disso, a dependência digital pode aumentar os níveis de ansiedade e dificultar a construção de hábitos saudáveis de estudo. Com isso, o MEC reforça a importância de estabelecer diretrizes claras para o uso do celular em sala de aula, priorizando sempre o aprendizado e o bem-estar dos estudantes.
Especialistas debatem soluções
O evento contou com a participação de diversos especialistas, incluindo o dirigente municipal de Educação de Ibaretama (CE), Alessio Lima, que ressaltou a importância de um alinhamento entre as redes municipais de ensino. Além dele, Renan Ferreirinha, secretário municipal de Educação do Rio de Janeiro e relator da nova lei na Câmara dos Deputados, e o pediatra e ativista pela infância Daniel Becker discutiram estratégias para equilibrar o uso da tecnologia nas escolas.
Um novo olhar sobre a escola
O MEC reforçou que a mudança será um aprendizado coletivo. “Vamos reaprender a conviver, a dialogar e a fortalecer os laços dentro da escola. O celular não vai desaparecer, mas seu uso será cada vez mais intencional e educativo”, concluiu Schweickardt.
Com essa iniciativa, o Ministério da Educação busca garantir que a tecnologia seja aliada do aprendizado e não uma barreira para o desenvolvimento dos estudantes.
Veja o guia para escolas e o guia para as redes .
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