Mato Grosso do Sul, 2 de maio de 2025
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Colheita que não existia: esquema bilionário de notas frias é desmanchado em Mato Grosso do Sul

Polícia prende cabeça de grupo que forjava venda de grãos e movimentava milhões em fraude de impostos usando empresas fantasmas e laranjas
Equipes do Dracco, Receita e Sefaz durante operação nesta quarta-feira (Foto: Dracco/ Divulgação)
Equipes do Dracco, Receita e Sefaz durante operação nesta quarta-feira (Foto: Dracco/ Divulgação)

A quarta-feira começou agitada em Campo Grande e Ivinhema, quando agentes do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), em parceria com a Sefaz (Secretaria Estadual de Fazenda) e a Receita Federal, colocaram em prática a Operação Colheita Fantasma. E o nome não poderia ser mais apropriado: a ação mira um esquema criminoso bilionário baseado em grãos que nunca foram plantados, colhidos ou entregues. Tudo era papel, tudo era fraude.

O alvo principal da operação foi o chefe do grupo, um homem apontado como o cérebro por trás da engrenagem que emitiu notas fiscais eletrônicas falsas para simular venda de grãos entre estados. Essa movimentação gerava créditos de impostos indevidos, numa tentativa clara de burlar o sistema tributário. Só entre 2020 e 2024, o grupo movimentou mais de R$ 1 bilhão em transações fictícias. Os prejuízos estimados para os cofres públicos já ultrapassam R$ 100 milhões.

A prisão do suspeito foi feita após cumprimento de mandado em Campo Grande. A polícia não divulgou o nome dele, mas confirmou que era o líder e principal articulador das fraudes. Outros mandados de busca e apreensão foram cumpridos em escritórios, casas e empresas usadas como fachada, inclusive em Ivinhema. Durante a ação, foram recolhidos documentos fiscais, computadores, contratos e até registros bancários. Contas com até R$ 20 milhões foram bloqueadas por ordem judicial.

O modus operandi era sofisticado. As empresas de fachada eram registradas em nome de “laranjas” pessoas sem ligação real com o negócio, usadas apenas para esconder os verdadeiros donos. Essas empresas simulavam a venda interestadual de grãos, que nunca saíram de lugar nenhum. Tudo era registrado como se fosse verdadeiro, mas na prática, o que existia era só documento falso e lucro ilegal. Os créditos de ICMS gerados nessas operações depois eram revendidos ou usados para abater impostos de forma indevida.

Mesmo quando algumas dessas empresas eram desativadas por suspeitas de fraude, o grupo não parava. Eles criavam novas empresas, com outros nomes, novos CNPJs, mas com a mesma estrutura. Isso mantinha o esquema funcionando como se fosse um ciclo sem fim. Mas desta vez, a polícia chegou junto.

O delegado responsável explicou que a organização criminosa já vinha sendo monitorada há meses. Com base em movimentações bancárias e cruzamento de dados fiscais, foi possível ligar todas as pontas e traçar como a fraude se desenrolava. A operação pode se desdobrar em novas fases, já que mais pessoas e empresas estão na mira das investigações.

A Operação Colheita Fantasma também acende um alerta sobre como Mato Grosso do Sul tem se tornado palco constante de grandes crimes financeiros e contrabando. A posição estratégica do estado, com fronteiras diretas com Paraguai e Bolívia, transforma a região em rota de escoamento de produtos ilegais e esquemas criminosos complexos, que misturam corrupção, lavagem de dinheiro e evasão fiscal.

As autoridades seguem investigando os desdobramentos da fraude, com expectativa de responsabilizar criminalmente todos os envolvidos, recuperar os valores desviados e impedir que novas empresas fantasmas sigam com esse tipo de golpe.

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