Mato Grosso do Sul, 11 de junho de 2025
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Colisão frontal na BR-262 deixa um morto e reacende debate sobre duplicação urgente da rodovia

Trecho entre Campo Grande e Ribas do Rio Pardo se tornou rota de tráfego intenso com fluxo pesado de veículos após instalação de indústrias de celulose, elevando o risco de acidentes fatais
Imagem - Carol Leite
Imagem - Carol Leite

A BR-262, importante ligação entre Campo Grande e a região leste do estado, foi palco de mais uma tragédia rodoviária que terminou em morte na manhã desta segunda-feira, 9 de junho. O grave acidente aconteceu por volta do início da manhã, no quilômetro 292 da rodovia federal, no sentido Ribas do Rio Pardo, e envolveu uma colisão frontal entre uma picape e um caminhão-baú carregado com alimentos. A força do impacto foi devastadora e tirou a vida do motorista da picape, que ficou preso entre as ferragens e não resistiu aos ferimentos.

Segundo informações preliminares repassadas por testemunhas e autoridades presentes no local, o caminhão seguia no sentido Campo Grande a Ribas do Rio Pardo, enquanto a picape trafegava na direção contrária. Por razões ainda não totalmente esclarecidas, o motorista do veículo de menor porte teria invadido a pista contrária, ocasionando o choque frontal.

A violência do impacto mobilizou o Corpo de Bombeiros e equipes da Polícia Rodoviária Federal. O motorista da picape, que ainda não havia sido formalmente identificado até o fechamento desta edição, não teve chance de sobrevivência. Preso às ferragens, foi declarado morto no local. No veículo estava também uma mulher, supostamente cunhada da vítima, que foi resgatada com ferimentos e levada a uma unidade de saúde da capital. O motorista do caminhão também sofreu ferimentos, sendo encaminhado com suspeita de fratura na perna. O único ileso foi o passageiro do caminhão, identificado como Acácio dos Santos, de 54 anos, que acompanhava o carregamento.

Segundo relato do próprio Acácio, tudo aconteceu em questão de segundos. “Acho que ele dormiu no volante. Não tinha nenhum veículo na frente para ele tentar ultrapassar. Foi de repente. Meu parceiro de viagem ainda tentou desviar, mas não deu tempo. Ele jogou o carro de uma vez na nossa frente”, lamentou visivelmente abalado.

A tragédia reacende discussões há muito tempo negligenciadas pelas autoridades federais e estaduais: a urgente duplicação da BR-262, especialmente no trecho que conecta Campo Grande a Ribas do Rio Pardo. Este segmento da rodovia, que já era conhecido por seu traçado estreito, curvas perigosas e tráfego misto entre veículos de passeio e pesados, passou a registrar um aumento exponencial no volume de circulação nos últimos anos.

O fator determinante dessa mudança no perfil da rodovia foi a instalação de grandes complexos industriais do setor de celulose na região, especialmente no município de Ribas do Rio Pardo, que se consolidou como um dos novos polos produtivos de Mato Grosso do Sul. A chamada “rota da celulose” tornou-se um corredor logístico fundamental para o escoamento de madeira, papel e outros insumos industriais, transportados por caminhões de grande porte que compartilham espaço com veículos de pequeno porte, muitas vezes em ultrapassagens arriscadas e sem faixa de escape.

Apesar do evidente crescimento industrial e do fluxo diário de centenas de carretas, a infraestrutura da BR-262 permanece praticamente inalterada há décadas. O traçado de pista simples, com acostamentos precários e sinalização deficiente, transforma qualquer descuido em potencial tragédia, como a que se verificou nesta manhã.

Especialistas em engenharia de tráfego e segurança viária apontam que a duplicação da BR-262 não é apenas uma necessidade estrutural, mas uma medida de urgência para preservar vidas. Dados do Dnit e da PRF indicam que o número de acidentes no trecho entre Campo Grande e Ribas do Rio Pardo cresceu mais de 60% desde o início das operações das novas plantas industriais de celulose. Muitos desses acidentes são do tipo frontal, os mais letais entre todos os tipos de colisão.

Famílias enlutadas, motoristas em constante estado de alerta e comunidades que dependem da rodovia para sua subsistência cobram das autoridades não apenas promessas, mas ações concretas. Os anúncios de estudos para duplicação existem, mas os prazos são constantemente postergados, enquanto os acidentes seguem acumulando vítimas.

A morte do motorista da picape, que saía para mais um dia comum de atividades, poderia ter sido evitada. A dor de sua família é agora também o grito de toda uma região que clama por atenção, investimento e infraestrutura compatível com o peso econômico que a BR-262 carrega diariamente. Não se trata mais de um projeto de expansão rodoviária. Trata-se de uma urgência humana.

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