Um trabalhador resgatado em uma operação de fiscalização, realizada em novembro de 2023 na Fazenda Lakanka, no noroeste goiano, relatou as condições desumanas que enfrentou durante o período em que trabalhou no local. A notícia foi divulgada pelo g1, que teve acesso ao relatório do Ministério Público do Trabalho e Emprego (MTE). Entre os problemas destacados, o empregado mencionou a presença de animais como morcegos, formigas e escorpiões, além de uma estrutura precária para descanso e higiene.
“A casa é muito ruim e está cheirando muito mal. Há muito morcego no alojamento, as formigas e cupins andam por cima dos empregados enquanto estão deitados. Também já vi escorpião e lacraia dentro do alojamento e tenho medo de sair à noite, devido à existência de muitos animais”, relatou o trabalhador, evidenciando o pavor vivido durante sua estadia na fazenda.
A operação de resgate encontrou seis trabalhadores em condições análogas à escravidão, incluindo um adolescente de 17 anos. Esses trabalhadores desempenhavam a catação de raízes para a preparação do solo, uma etapa anterior ao cultivo de soja e grama. Eles estavam alojados em uma casa abandonada e precária, sem camas ou banheiro, com fezes de morcegos espalhadas pelos cômodos e sem acesso a água potável tratada.
Responsabilidade dividida
Embora a fazenda seja de propriedade do cantor Leonardo, cujo nome verdadeiro é Emival Eterno da Costa, o terreno estava arrendado desde 2022 para outra pessoa, responsável pelo cultivo. Em suas redes sociais, Leonardo afirmou que desconhecia as condições vividas pelos trabalhadores e lamentou profundamente a situação.
“Surgiu um funcionário lá nessa fazenda que eu arrendei, que eu não conheço, nunca vi falar […] Eu, do meu coração, jamais, jamais faria isso. Então, eu acho que há um equívoco muito grande sobre a minha pessoa”, disse o cantor.