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Mato Grosso do Sul, 7 de outubro de 2024
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Estado-berço do Fome Zero sediará reunião da Aliança Global Contra a Fome

Em Teresina, são esperadas 52 delegações internacionais, sendo elas de 32 países diferentes e as demais de organismos internacionais

No mundo, 735 milhões de pessoas passam fome, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Além disso, os 10% mais ricos detêm 76% da riqueza do planeta, enquanto os 50% mais pobres possuem apenas 2%. A realidade impõe um desafio global, que ainda longe de atingir as metas de erradicação da fome e da pobreza no mundo – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) 1 e 2 – e enfatiza a necessidade de encontrar soluções em conjunto.

É nesse contexto que surge a proposta para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa do presidente Lula, quando o Brasil assumiu a chefia do G20, na Índia, no ano passado.

Entre 22 e 24 de maio, um importante passo será dado, em Teresina, Piauí, para a consolidação dessa Aliança Global. Na capital piauiense, ocorrerá a segunda reunião técnica presencial da Força-Tarefa para Aliança que deve reunir mais de 150 representantes de países e organismos internacionais para fortalecer os instrumentos fundadores.

“O estabelecimento dessa iniciativa, materializando a visão direta do presidente Lula, com os aportes, ajustes e apoio de todos, será um forte avanço no caminho para acelerar os esforços para eliminar a fome, a má nutrição e a pobreza extrema, reduzindo desigualdades e caminhando para uma transição justa e inclusiva rumo a um futuro sustentável, atingindo os ODS 1 e 2”, afirmou o ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome Social (MDS).

Guaribas

E, não à toa, a reunião ocorrerá em Teresina. Foi no Piauí, na cidade de Guaribas, há 21 anos que o Programa que tirou o Brasil do Mapa da Fome – o Fome Zero – foi implementado pela primeira vez. A ação que abarcava uma série de políticas públicas sociais buscou erradicar a fome e a miséria no Brasil.

“O Brasil conheceu a riqueza dos engenhos e das plantações de cana-de-açúcar nos primeiros tempos coloniais, mas não venceu a fome; proclamou a independência nacional e aboliu a escravidão, mas não venceu a fome; conheceu a riqueza das jazidas de ouro, em Minas Gerais, e da produção de café, no Vale do Paraíba, mas não venceu a fome; industrializou-se e forjou um notável e diversificado parque produtivo, mas não venceu a fome. Isso não pode continuar assim.”

A constatação e a indignação não são de hoje. Esse foi um trecho do discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na sessão solene de posse no Congresso Nacional, em 1º de janeiro de 2003. Na época, pesquisas apontavam que cerca de 50 milhões de brasileiros passavam fome. Cidade com cerca de 4,5 mil habitantes, na época, Guaribas era um dos municípios mais pobres do Brasil.

Atualmente, o sucesso das políticas públicas de erradicação da fome e da pobreza iniciadas pelo governo Lula, em 2003, pode ser sentido no pequeno município que testemunhou a vida das pessoas melhorar com inclusão social, saneamento básico, projetos de infraestrutura e mais dignidade para seus habitantes.

Mudança de vida

“O Fome Zero significou Guaribas sem fome. Tinha vários programas. Lembro do programa Um Milhão de Cisternas, que o pessoal morria de sede e que salvou muita gente. O Luz Para Todos também veio. Na época, não tinha energia onde eu morava. Foi muita coisa boa que aconteceu”, recorda Eldiene Maia, 37 anos, que nasceu e ainda vive  na cidade piauiense.

De 2002 a 2013, o Brasil alcançou resultados significativos na redução da desnutrição e na garantia de acesso à alimentação adequada para as camadas mais pobres. No período, caiu em 82% a população considerada em situação de subalimentação

“Estaria passando fome sem o Bolsa Família”, afirma Vivia Pereira, beneficiária do programa no Piauí”

Natália Duarte, 59 anos, lembra do tempo que tinha que buscar água, em baldes, no meio da mata, diretamente nos olhos d’água que ficam no pé da serra ao redor do município. “Ninguém ouvia falar de Guaribas. Era sofrimento demais. As mulheres não dormiam dentro de casa. Eu passava a noite inteira para encher os baldes de água para atender os meus seis filhos”, recordou.

Durante o período de mudança pelo qual a cidade passou, Natália Duarte recebeu o Bolsa Família, que ajudou a garantir dignidade na criação dos filhos. “Toda vez que eu abro o meu guarda-roupas, eu vejo o cartão do Bolsa Família. Só me lembro do passado e me lembro da alegria que estamos hoje”, completou.

Cesta de políticas públicas

A proposta da Aliança, aberta a todos os países, busca formar uma cesta com políticas públicas de combate à fome e a miséria bem-sucedidas, como ocorreu no Piauí, no Brasil, e em diversas outras regiões do mundo. O propósito é não ficar restrito a apenas oferecer recursos financeiros, mas mostrar programas, políticas e ferramentas que já tenham sido usadas em outros países e dado bons resultados.

“A aliança terá uma cesta de programas sociais já implementados e considerados eficientes, que os países que aderirem deverão escolher e aplicar, entre eles muitos brasileiros”, explica o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias.

Em Teresina, são esperadas 52 delegações internacionais, sendo elas de 32 países diferentes e as demais de organismos internacionais. Os instrumentos fundadores da Aliança, definidos nesta reunião, serão ainda debatidos em junho para que, em julho, durante reunião ministerial no Rio de Janeiro, sejam anunciados os membros fundadores, parceiros e financiamento para o lançamento da Aliança Global.  Em novembro, a Cúpula do G20 dará lugar ao lançamento em alto nível da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.

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