O azeite de oliva, cujo preço deu saltos neste ano após a quebra de safra na Europa, lidera a lista de maiores aumentos da prévia da cesta de Natal do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), divulgada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), com 21,30%. Em seguida, aparecem o lombo de porco com osso, que encareceu 19,72%, e o suco néctar de laranja litro, com alta de 16,19%.
Outros produtos que devem pesar na cesta natalina são a azeitona verde com caroço (aumento de 9,06%), palmito inteiro (8,48%), vinho tinto (8,28%) e peru (7,50%). Os 15 produtos tradicionais analisados na prévia terão um aumento médio de 9,16% este ano.
Influência global
Pesquisas de mercado indicam que produtos tradicionais da cesta de Natal do brasileiro podem sofrer neste ano a influência do comércio global e da logística internacional, resultando em dificuldade de importação e preços bem mais salgados.
Embora os espumantes brasileiros estejam entre os melhores do mundo, muitas garrafas para o Natal ainda são importadas da França, com complementos da Espanha e da Itália. As uvas-passas do panetone e do arroz à grega vêm da Argentina (79%), Irã e Uzbequistão.
Segundo a Logcomex, empresa de soluções tecnológicas para planejamento, monitoramento e automação de operações do comércio global, de janeiro a setembro de 2024, o valor FOB (Free on Board) dos espumantes importados pelo Brasil subiu 17%, alcançando US$ 28,3 milhões em comparação com o mesmo período de 2023.
Os espumantes tipo champanhe registraram um aumento ainda maior, de 30%, atingindo US$ 16,2 milhões.
No mesmo período, o valor FOB das importações de uvas-passas chegou a US$ 39,3 milhões, 15% a mais do que no ano anterior, embora o volume quase não tenha variado (passou de 20,3 mil toneladas para 20,6 mil toneladas neste ano).
Helmuth Hofstatter, CEO da Logcomex, explica em nota que a dependência de insumos importados faz com que o preço desses produtos seja sensível a fatores externos.
“Neste ano, fatores como greves nos portos e a alta nos fretes marítimos, somados ao aumento do uso do modal rodoviário, adicionaram uma pressão significativa nos preços dos produtos importados”, observa.
No caso dos espumantes e também dos vinhos finos, o consultor de mercado Rodrigo Lanari vê outra tendência para o Natal deste ano. Em vez de aumentos, ele aposta em promoções, porque o mercado mundial está desaquecido, com pouca demanda.
“As importadoras estão com estoque alto. Além disso, a safra de vinho nacional foi boa. Pode haver uma certa inflação logística, mas a pressão mesmo deve ser para vender, ou seja, não tem muita margem para aumentos”.
Segundo o consultor, o Brasil consome 400 milhões de garrafas de vinho tinto (sendo 60% vinho de mesa) e 50 milhões de garrafas de espumantes. Cerca de 90% dos vinhos finos são importados, mas entre os espumantes, só 20% das garrafas vêm de fora.