As Forças Armadas de Israel anunciaram nesta quinta-feira que estão investigando a possibilidade de o líder do Hamas, Yahya Sinwar, ter morrido durante uma operação na Faixa de Gaza. Apontado por Israel como o idealizador do atentado de 7 de outubro de 2023, Sinwar é a principal liderança do grupo palestino, ocupando um papel central desde os assassinatos de Ismail Haniyeh e Mohammed Deif.
De acordo com o relato inicial divulgado pelas Forças Armadas israelenses, uma operação em um prédio no enclave palestino terminou com três homens do Hamas mortos. As autoridades israelenses afirmaram que tanto o Exército quanto o Shin Bet, serviço de segurança interna de Israel, estão “examinando a possibilidade” de que um dos alvos seja Sinwar.
“A possibilidade de que um dos três terroristas mortos na operação em Gaza seja Yahya Sinwar está sendo examinada”, informou o Exército israelense em uma publicação no site oficial da força militar.
Há um ano, a localização de Sinwar é um mistério para as autoridades israelenses, que prometeram eliminar a ameaça do Hamas em Gaza e punir os responsáveis pelo atentado de 7 de outubro. Muito se especulou que o líder palestino estivesse escondido na densa rede de túneis mantida pelo grupo para operações ofensivas e deslocamentos no enclave.
Uma das hipóteses levantadas foi de que Sinwar teria se cercado de reféns capturados em Israel, para impedir ou dificultar uma operação contra ele. Outra hipótese é de que estivesse se vestindo de mulher para escapar das operações. De acordo com o relato inicial israelense, não havia nenhum refém no local da operação desta quinta.
Líder do Hamas desde 2017, Sinwar, de 62 anos, é apontado como o maior responsável pelo ataque contra Israel em 7 de outubro de 2023, quando 1,2 mil pessoas foram mortas e mais de 240 foram sequestradas. Ele nasceu no campo de refugiados de Khan Younis e entrou para a militância armada quando Israel ainda ocupava a Faixa de Gaza. Sua primeira prisão foi em 1982, por “atividades islâmicas”, sendo novamente detido em 1985. Na época, se aproximou do fundador do Hamas, Ahmed Yassin, e assumiu o serviço de segurança interna do grupo. Seus alvos, além de pessoas acusadas de colaborarem com Israel, eram as “atividades imorais”, como lojas com material pornográfico. Em 1989, foi condenado à prisão perpétua por quatro homicídios.
Na prisão, tornou-se fluente em hebraico e, após ter feito uma cirurgia para retirar um tumor no cérebro, chegou a receber uma proposta para colaborar com Israel. Ele recursou. Em 2011, quando houve aquela que, até agora, era a mais famosa troca de reféns por prisioneiros da História de Israel – a de mil palestinos pelo soldado Gilad Shalit – Sinwar ganhou a liberdade e voltou para Gaza como um nome de destaque do Hamas.
Seis anos depois, em 2017, quando já integrava uma lista de pessoas consideradas terroristas pelos EUA, foi escolhido chefe do conselho político do Hamas na Faixa de Gaza, sucedendo a Ismail Haniyeh, que vivia no Catar. Apesar do passado “linha-dura”, que incluiu a ordenação de execuções de adversários mesmo quando estava na cadeia, os primeiros sinais enviados a Israel eram um pouco diferentes.
Em 2018, mandou mensagens, incluindo ao próprio premier Benjamin Netanyahu, afirmando que estava cansado da guerra, e que seu objetivo era transformar Gaza numa sociedade funcional e pacífica. Um discurso que, como apontam analistas hoje, convenceu muita gente.