Mato Grosso do Sul, 4 de maio de 2025
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Japão de olho na carne brasileira: delegação visita frigoríficos e Brasil analisa negociações com EUA

Missão japonesa vem ao país para definir inspeções em frigoríficos enquanto governo brasileiro busca ampliar exportações para os Estados Unidos e fortalecer o agro com programa de recuperação de pastagens
Delegação japonesa vai definir a data e roteiro da inspeção das plantas frigoríficas — Foto: Getty Images
Delegação japonesa vai definir a data e roteiro da inspeção das plantas frigoríficas — Foto: Getty Images

Na próxima sexta-feira, 2 de maio, o Brasil vai receber uma comitiva oficial do Japão com um objetivo estratégico: discutir de forma definitiva a inspeção das plantas frigoríficas nacionais. Essa etapa é fundamental para que a carne bovina brasileira possa finalmente conquistar o mercado japonês, um dos mais exigentes do mundo quando o assunto é qualidade e segurança sanitária dos alimentos.

A informação foi confirmada pelo secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Marcel Moreira, durante um encontro realizado nesta quarta-feira, 30 de abril, com empresários do setor agropecuário na Agrishow, feira realizada em Ribeirão Preto, interior de São Paulo.

Segundo Moreira, essa aproximação com o Japão é fruto direto da recente visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país asiático. Durante a viagem, houve uma sinalização positiva por parte do governo japonês, o que abriu espaço para que o Brasil avançasse na negociação. agora, com a chegada da delegação nipônica, será possível estabelecer datas e um roteiro claro para as inspeções, que são pré-requisitos para a abertura definitiva do mercado.

“O Brasil tem status sanitário reconhecido e relações diplomáticas sólidas. a visita dos japoneses é resultado direto de um trabalho consistente de diplomacia comercial. essa inspeção vai definir como e quando nossas plantas frigoríficas poderão ser aprovadas”, afirmou o secretário durante o evento promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), no estande da Baldan, fabricante de máquinas agrícolas.

Olho vivo no mercado norte-americano

Além da aproximação com o Japão, o governo brasileiro também está atento às mudanças no comércio com os Estados Unidos. De acordo com Marcel Moreira, os EUA ocupam hoje a terceira posição entre os maiores parceiros comerciais do Brasil. no entanto, com a guerra tarifária em andamento, o país precisa agir com pragmatismo e estratégia.

Alguns dos principais produtos exportados para o mercado americano, como café, suco de laranja, carne bovina, açúcar e etanol, estão na mira de novas tarifas. a carne bovina brasileira, por exemplo, corre o risco de ser sobretaxada em até 39%, considerando a tarifa geral de 10% somada a novas medidas que estão em discussão nos EUA.

Apesar desse cenário desafiador, o secretário acredita que o Brasil continuará competitivo, principalmente pela qualidade e custo da carne produzida. ainda assim, ele alerta que países como Canadá e México, que têm acordos de livre comércio com os Estados Unidos, são concorrentes que merecem atenção redobrada.

Degradação não tem vez: Caminho Verde Brasil ganha força

No mesmo encontro, o secretário também destacou o programa Caminho Verde Brasil, que tem como foco a recuperação de pastagens degradadas. segundo estudo apresentado pelo ministério, o Brasil possui cerca de 160 milhões de hectares de pastagens, sendo que 40 milhões são perfeitamente adaptáveis para a produção agrícola e pecuária, desde que recebam os investimentos necessários em correção de solo.

“Com a conversão de apenas 40 milhões de hectares, podemos dobrar a produção de alimentos no país. isso sem precisar avançar sobre áreas de floresta. é uma revolução produtiva com responsabilidade ambiental”, declarou Moreira.

Nesta semana, o governo federal anunciou o segundo leilão do EcoInvest, uma linha de crédito especial dentro do Fundo Clima voltada para o financiamento do programa Caminho Verde. os recursos serão usados para recuperar ao menos um milhão de hectares, com a condição de que os produtores beneficiados assumam o compromisso de não desmatar suas áreas por um período de dez anos, mesmo em casos legalmente autorizados.

O secretário enfatizou que os financiamentos virão com juros bem abaixo dos praticados pelo mercado, facilitando a adesão dos produtores rurais e promovendo um salto na produtividade aliado à preservação ambiental.

O agro brasileiro em movimento

A visita da delegação japonesa, as estratégias frente ao mercado americano e os avanços do programa de recuperação de pastagens mostram que o Brasil está se movimentando para fortalecer sua posição no comércio mundial de alimentos.

Com investimentos, diplomacia ativa e responsabilidade ambiental, o país busca abrir novas portas, manter as que já estão abertas e ainda transformar desafios em oportunidades. a carne brasileira pode conquistar o Japão, enfrentar tarifas nos Estados Unidos e, ao mesmo tempo, gerar mais alimentos com menos impacto ambiental.

O campo está em transformação e os olhos do mundo estão voltados para cá.

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