Mato Grosso do Sul, 9 de maio de 2025
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Lupi na corda bamba: fraudes no INSS pressionam o governo Lula e ex-ministro tenta evitar saída humilhante

Descontos indevidos, crise política e bastidores tensos marcam os dias mais turbulentos no ministério da previdência desde o início do mandato
Imagem - Vinicius Schimidit
Imagem - Vinicius Schimidit

O clima esquentou de vez em Brasília. O escândalo bilionário envolvendo fraudes nos descontos indevidos em benefícios do INSS jogou o ministério da previdência social no olho do furacão e deixou o ministro Carlos Lupi com a cadeira mais ameaçada do governo. A pressão popular, política e institucional cresce a cada hora, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue adotando uma postura cautelosa, segurando a corda para que o aliado histórico tente descer da ribanceira com o mínimo de dignidade.

A conversa entre Lula e Lupi, marcada para esta sexta-feira, pode selar o destino do ministro. Nos bastidores, Lupi já sinalizou a aliados do PDT que não quer continuar no cargo sem autonomia real. Ele chegou a cogitar pedir demissão, desde que pudesse indicar um nome de sua confiança para sucedê-lo. O problema é que a escolha do novo presidente do INSS, Gilberto Waller, foi feita à revelia de Lupi, sem sequer uma consulta formal. A notícia da nomeação veio apenas depois, passada por Gleisi Hoffmann, ministra das relações institucionais.

Essa decisão foi lida como uma desautorização direta e um rebaixamento do peso do PDT dentro da esplanada. Para muitos pedetistas, o recado do planalto foi claro: o espaço político no governo está encolhendo, e o custo da crise no INSS vai ser debitado na conta do partido.

O rombo e o golpe contra os aposentados

A origem da crise que ameaça o cargo de Lupi é uma das mais graves já identificadas no INSS. De acordo com a polícia federal, o esquema envolvia associações e sindicatos que passaram anos descontando mensalidades diretamente da folha de pagamento de aposentados e pensionistas — sem qualquer autorização prévia ou legal.

Os números impressionam: foram mais de R$ 6,3 bilhões desviados de maneira irregular. Só no ano passado, cerca de 13 milhões de beneficiários do INSS tiveram algum tipo de desconto relacionado a entidades de classe ou associações. Desses, estima-se que quase metade jamais autorizou qualquer tipo de vínculo ou contribuição. Em alguns casos, aposentados recebiam menos de um salário mínimo e ainda assim tinham valores descontados, o que levou muitos a enfrentar dificuldades até para comprar remédios ou alimentos.

A operação da polícia federal revelou que os descontos ocorriam há anos com o conhecimento de integrantes do próprio INSS e da Dataprev, empresa pública responsável pela tecnologia que gerencia os dados da previdência. A suspeita é que servidores internos facilitavam o acesso aos sistemas em troca de propinas ou favores. Há investigações também sobre contratos de serviços com empresas que vendiam vantagens ou empréstimos vinculados a essas associações.

A pressão da opinião pública e os números que falam alto

Na esteira do escândalo, a população reagiu com revolta. Uma pesquisa recente da AtlasIntel, divulgada no feriado de 1º de maio, mostrou que 85,3% dos brasileiros acham que Lula deveria demitir Carlos Lupi imediatamente. Apenas 8,7% defendem sua permanência, mesmo diante das denúncias, enquanto 6% preferiram não opinar.

A pesquisa ouviu mil pessoas entre 29 de abril e 1º de maio e tem margem de erro de três pontos percentuais. O recado da rua é direto: a tolerância com desvios envolvendo o dinheiro de aposentados está próxima de zero.

Um governo sob pressão e um ministro encurralado

A permanência de Lupi se tornou insustentável politicamente, mas Lula hesita. O presidente não quer abrir uma crise dentro da base aliada, ainda mais com o PDT, que tem votado com o governo em pautas importantes no congresso. Por isso, há um esforço para que o ministro “saia por conta própria”, evitando o desgaste de uma demissão direta.

Carlos Lupi, por sua vez, tenta mostrar força, mas o isolamento político é visível. Até aliados próximos têm aconselhado que ele saia logo, antes que o desgaste se agrave. Ao mesmo tempo, existe uma ala do governo preocupada com o impacto de uma possível queda em outras áreas que também envolvem contratos sensíveis e cargos ocupados por partidos aliados.

Para piorar, surgem novas denúncias de irregularidades envolvendo o uso indevido do sistema do INSS para ofertar empréstimos consignados sem pedido prévio e com taxas abusivas. Muitos beneficiários só descobriram que estavam com contratos ativos ao ver o valor do benefício reduzido.

Desfecho ainda indefinido, mas desconfiança generalizada

Lula e Lupi devem bater o martelo nas próximas horas. O planalto quer evitar que o escândalo contamine outras pastas e busca mostrar controle da situação. A saída do ministro, se confirmada, não resolve por completo a crise, mas pode servir como sinal de resposta firme ao desgaste.

A sociedade, porém, cobra mais do que uma troca de nomes. Quer explicações, ressarcimento e responsabilização dos envolvidos. E, acima de tudo, exige que os aposentados muitos deles vivendo com o mínimo não continuem sendo alvo fácil de esquemas e descasos administrativos.

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