O que era pra ser uma noite comum se transformou em um cenário de terror e correria dentro de uma ONG que acolhe crianças, no Bairro Mata do Segredo, em Campo Grande. Na madrugada desta sexta-feira, um homem de 26 anos invadiu o local tomado por ciúmes, tentou matar a esposa com uma faca e acabou trocando golpes com o segurança da unidade, de 23 anos. O resultado foi sangue, desespero e duas pessoas gravemente feridas.
Tudo começou quando a mulher, que presta serviços na ONG e cumpre pena em regime aberto pelo crime de tráfico de drogas, foi convidada por um amigo, o segurança da instituição, para beber. Acompanhada do marido e do filho de 9 anos, ela aceitou o convite e passou a noite no local. Durante o encontro, os três ingeriram bebida alcoólica e, em determinado momento, o companheiro da mulher teve uma crise de ciúmes. Ele deixou o local, mas retornou pouco tempo depois decidido a atacar.
Sem pensar duas vezes, ele arrombou o portão da ONG, invadiu gritando ameaças de morte e partiu pra cima da mulher. “Vou te matar, sua desgraçada, vou te assassinar, seu filho vai ficar sem mãe”, gritava enquanto atirava uma lavadora de quintal contra ela. Em seguida, puxou uma faca e começou o ataque, causando cortes nos joelhos, nas coxas e nos braços da vítima, além de rasgar suas roupas.
Foi aí que o segurança reagiu. Acionou o alarme do abrigo, partiu pra cima do agressor e deu um soco nele antes de desferir duas facadas: uma na testa e outra no abdômen. A luta corporal foi intensa e, durante a confusão, o próprio segurança também acabou esfaqueado na cabeça, mas sem gravidade.
A mulher, em estado de pânico, revelou à imprensa que já vinha sendo ameaçada há algum tempo. “Ele tentou me esfaquear sorrindo, veio como se eu fosse um porco no abatedouro, sem nenhum remorso”, relatou, ainda muito abalada. Em um momento de desespero, o segurança chegou a trancá-la em um depósito na tentativa de protegê-la, mas ela, tomada pelo medo e confusão, arrombou a porta e saiu correndo.
O agressor perdeu muito sangue e chegou a ficar inconsciente. Foi socorrido e levado em estado grave ao hospital, onde passou por cirurgia de emergência. A Polícia Militar foi chamada logo após a briga. Tanto o homem quanto o segurança foram presos.
A mulher foi encaminhada à Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), onde solicitou uma medida protetiva contra o companheiro. No entanto, ela recusou abrigo na Casa da Mulher Brasileira e decidiu retornar para casa com o filho.
Mulheres que sofrem qualquer tipo de violência doméstica ou familiar podem denunciar. O principal canal é o número 180, que funciona 24 horas por dia e garante atendimento gratuito e sigiloso. As denúncias também podem ser feitas em delegacias da mulher, pela Polícia Militar através do 190, ou pela internet no site da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos. Em casos urgentes, procurar uma delegacia mais próxima ou a Casa da Mulher Brasileira pode salvar vidas.
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