Mato Grosso do Sul, 11 de junho de 2025
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Mato Grosso do Sul completa uma década sem febre amarela humana e amplia ações de prevenção e imunização

Mesmo com alta circulação do vírus no país, estado mantém vigilância ativa, reforça educação em saúde e alcança maior cobertura vacinal dos últimos anos, ainda abaixo da meta nacional
A vacinação é a forma mais importante de prevenção da febre amarela
A vacinação é a forma mais importante de prevenção da febre amarela

Mato Grosso do Sul alcançou em 2025 uma marca histórica na área da saúde pública: são dez anos sem o registro de casos confirmados de febre amarela em humanos. A conquista, embora silenciosa aos olhos do grande público, representa uma vitória expressiva diante do aumento da circulação do vírus em diversos estados brasileiros e países vizinhos da América do Sul. O cenário regional é desafiador, mas o estado mantém firme sua vigilância epidemiológica, campanhas de vacinação e estratégias integradas de combate à doença, reconhecendo que a prevenção continua sendo a única resposta eficaz.

Desde 2015, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) não notifica casos positivos em humanos, mesmo diante de investigações de dezenas de suspeitas em diferentes municípios. Entre 2020 e maio de 2025, foram 42 notificações distribuídas por 20 cidades sul-mato-grossenses. Todas elas foram posteriormente descartadas após exames laboratoriais, demonstrando a eficácia dos protocolos de monitoramento e resposta rápida. Embora o dado revele controle, ele não permite acomodação, especialmente diante dos números que alarmam o continente.

De acordo com o último relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), até maio de 2025, mais de 220 casos de febre amarela foram confirmados nas Américas, com 89 óbitos. Os dados representam um aumento de mais de 800% em relação ao mesmo período de 2024. A entidade destacou que quase todos os infectados não haviam sido vacinados, reiterando a vacina como principal escudo contra a doença.

A imunização como barreira decisiva

Mato Grosso do Sul vem avançando progressivamente na cobertura vacinal. Em 2024, o estado alcançou 86% da população alvo imunizada, índice mais alto registrado desde 2020. Ainda assim, a taxa permanece abaixo da meta mínima de 90% estabelecida pelo Ministério da Saúde. Para atingir o índice ideal, a SES reforça as campanhas públicas, promovendo a vacinação gratuita e acessível em todos os municípios.

A vacina contra a febre amarela é indicada para pessoas entre 9 meses e 59 anos de idade, sendo aplicada em dose única, com eficácia para toda a vida. Segundo Frederico Moraes, gerente de Imunização da SES, o desafio atual é garantir que todas as faixas etárias estejam cobertas e que o público-alvo atualize sua caderneta de vacinação, conforme recomenda o Programa Nacional de Imunizações (PNI). “A proteção é simples, segura e está disponível para todos. O esforço coletivo é essencial para mantermos o controle que conquistamos”, ressalta.

Fronteiras, florestas e vigilância constante

A vigilância epidemiológica desempenha papel central nessa trajetória. Segundo Jéssica Klener, gerente de Doenças Endêmicas da SES, a atenção às áreas de fronteira é essencial, especialmente em municípios como Corumbá e Ponta Porã. Ambos possuem grande circulação de pessoas entre países e intensa área de mata, o que potencializa o risco de reintrodução do vírus. “Nosso trabalho é diário. Atuamos com vigilância ativa, controle entomológico e acompanhamento das epizootias, além da constante comunicação com as unidades municipais de saúde”, explica.

A febre amarela possui dois ciclos de transmissão distintos: o silvestre, por meio dos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, e o urbano, cuja principal ameaça é o mosquito Aedes aegypti, conhecido também por transmitir dengue, zika e chikungunya. Embora o ciclo urbano não seja identificado no Brasil desde 1942, o risco de reurbanização da doença permanece no horizonte das autoridades sanitárias.

Sentinelas naturais e o papel dos primatas

No ciclo silvestre, os primatas não humanos (PNH), como os bugios e macacos-prego, atuam como importantes sentinelas ecológicas. O adoecimento ou morte desses animais pode indicar a presença do vírus nas regiões de mata, antecipando a necessidade de medidas de contenção. Por isso, qualquer comportamento anormal ou óbito desses animais deve ser imediatamente comunicado às autoridades de saúde.

Melissa Amin, responsável pela Gerência de Zoonoses da SES, destaca a importância dessa colaboração popular. “Os primatas não transmitem o vírus aos humanos. São vítimas, assim como nós. A vigilância depende do olhar atento das comunidades, especialmente na zona rural e nas bordas urbanas que fazem divisa com áreas de mata. Essa detecção precoce nos permite agir antes que o vírus atinja a população humana”, pontua.

Educação como estratégia de longo alcance

Diante da ameaça contínua, a SES aposta na educação em saúde como ferramenta de transformação. A coordenadora de Saúde Única da SES, Danila Frias, afirma que as ações educativas não apenas informam, mas formam consciências duradouras. “Acreditamos que a prevenção começa pelo conhecimento. Por isso, temos investido na produção de materiais instrutivos, rodas de conversa nas comunidades e formação de agentes locais. Nosso foco é empoderar a população com informação, desmistificar equívocos e construir redes de proteção coletiva”, afirma.

Um dos principais mitos combatidos pelas equipes da saúde é a falsa crença de que os macacos seriam transmissores da febre amarela. Esse equívoco levou, em anos anteriores, à morte de primatas por atos de violência em várias partes do país. O esforço atual é consolidar o entendimento de que a vacinação é o único caminho seguro e eficaz para deter a doença.

A febre amarela em detalhes

A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, transmitida por mosquitos, com sintomas que incluem febre súbita, dor no corpo, calafrios, cefaleia intensa, dor lombar, náuseas, vômitos e fraqueza. Nos casos mais graves, pode evoluir para complicações hepáticas e renais, com risco de morte. Não há tratamento específico, sendo a hidratação e o suporte hospitalar as principais medidas adotadas durante a infecção.

Ao perceber os primeiros sinais, a recomendação é procurar imediatamente uma Unidade Básica de Saúde para avaliação clínica e, se necessário, encaminhamento a centros de referência.

Compromisso com a vigilância permanente

O cenário epidemiológico de 2025 exige atenção redobrada. Com a febre amarela em crescimento em diversos estados brasileiros e países vizinhos, Mato Grosso do Sul intensifica suas barreiras de proteção. Além da vacinação em massa, o estado realiza o monitoramento de mosquitos vetores, investe em georreferenciamento de epizootias, amplia a rede de notificação e estabelece planos de contingência em todas as regiões.

A articulação entre as secretarias municipais, o Ministério da Saúde, as organizações internacionais e a sociedade civil tem sido essencial para sustentar os bons resultados. A década sem casos de febre amarela humana é uma vitória coletiva, mas o trabalho está longe de terminar.

Como reforça a gerente Jéssica Klener, “a febre amarela é uma ameaça invisível, que só conseguimos vencer com ciência, colaboração e vigilância ativa. O passado nos mostra o risco. O presente exige responsabilidade. E o futuro depende da continuidade dessa mobilização”.

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