O governo federal decidiu apostar mais uma vez na concessão de rodovias estratégicas de Mato Grosso do Sul. Depois de um leilão fracassado em dezembro de 2024, quando nenhuma empresa demonstrou interesse, a Rota da Celulose e a BR-163 voltam à mesa de negociação em maio deste ano. O anúncio foi feito pelo Ministro dos Transportes, Renan Filho, na manhã da última terça-feira (28).
Dessa vez, o governo está trazendo um modelo inédito para tentar atrair investidores: vencerá a empresa que apresentar o menor aporte mínimo. A expectativa é que esse formato torne a concessão mais atrativa para grupos nacionais e internacionais, que, em 2024, estavam focados em outros projetos rodoviários e deixaram Mato Grosso do Sul “no banco de reservas”. O modelo inédito busca equilibrar os investimentos com a realidade econômica do setor, oferecendo condições mais flexíveis para os investidores.
ROTA DA CELULOSE: UM TRECHO ESTRATÉGICO SEM DONO
A Rota da Celulose é composta por trechos das rodovias BR-262 e BR-267, além das estaduais MS-040, MS-338 e MS-395. Ao todo, são 870,4 quilômetros de estradas que cortam Mato Grosso do Sul, ligando o estado a São Paulo e atendendo diretamente grandes empresas do setor de papel e celulose, como a multinacional Suzano, um dos maiores players do segmento.
Mesmo sendo um corredor vital para o escoamento de produção, o leilão anterior não despertou interesse das concessionárias. Em 2024, o governo estadual chegou a promover um roadshow em São Paulo, onde reuniu gigantes do setor, como EcoRodovias, CCR, Way e até o fundo de investimentos BlackRock. Apesar do entusiasmo inicial, nenhuma proposta foi apresentada. Analistas do setor indicam que um dos motivos pode ter sido a concorrência com concessões mais lucrativas e a falta de garantias financeiras mais atraentes.
Agora, com o novo formato de leilão e a promessa de ajustes no projeto, a esperança é que os investidores finalmente entrem no jogo.
PEDÁGIOS, DUPLICAÇÕES E INVESTIMENTOS
O estudo de viabilidade técnica do governo indicou que a concessão dessas rodovias deveria envolver investimentos de até R$ 8,8 bilhões, incluindo obras de manutenção e melhorias por 30 anos. No entanto, apenas 116 km do trajeto total seriam duplicados, sendo que um dos principais trechos beneficiados será entre Campo Grande e Ribas do Rio Pardo, onde está localizada a fábrica da multinacional Suzano, um polo estratégico para a indústria.
Os valores dos pedágios também foram projetados, variando de R$ 4,70 a R$ 15,20. Trechos duplicados, como em Ribas do Rio Pardo e Nova Alvorada do Sul, terão as tarifas mais altas. Com a nova licitação, esses valores podem ser reduzidos em até 20% caso uma proposta mais vantajosa surja no leilão.
A BR-163 E O PACOTE NACIONAL DE CONCESSÕES
Além da Rota da Celulose, a BR-163 também entra no novo leilão. Trata-se de uma rodovia crucial para o agronegócio, atravessando o Mato Grosso do Sul e conectando a produção ao restante do país.
No total, o governo está ofertando 8.449 km de rodovias pelo Brasil, com expectativa de R$ 161 bilhões em investimentos. Entre os destaques estão a BR-364, a BR-101 e diversos trechos no Paraná, Minas Gerais e Bahia. O objetivo é modernizar as rodovias, reduzir custos logísticos e melhorar a segurança nas estradas, beneficiando principalmente o transporte de cargas e passageiros.
O cronograma começa já em fevereiro com o leilão da BR-364, e os certames seguirão até dezembro, encerrando-se com a Rota do Recôncavo na Bahia.
EXPECTATIVAS E DESAFIOS
Com a falta de interessados no primeiro leilão, o grande desafio agora é tornar a concessão financeiramente viável e atraente para as empresas. O novo modelo de disputa e a possibilidade de ajustes nos valores do pedágio são apostas para mudar esse cenário.
Resta saber se, em maio, as empresas vão finalmente dar o lance ou se a Rota da Celulose e a BR-163 continuarão sem um “dono” para melhorar suas condições e facilitar o transporte no estado.
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