A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) apelou, nesta quinta-feira, ao bilionário Elon Musk para que ele influencie no processo judicial em que é ré por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A ação tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), corte na qual Alexandre de Moraes é ministro. O magistrado foi alvo de ataques do empresário, ao dono do X (ex-Twitter), em abril deste ano.
“Elon Musk, por favor, olhe novamente para o Brasil. Você iniciou uma revolução contra o mal no Brasil, mas depois que parou de twittar, todos os processos recomeçaram. Anteontem tive um revés pela segunda vez, por pura perseguição. Parece que estamos vivendo no inferno. Ajude-nos”, escreveu a parlamentar.
A postagem da deputada foi feita em resposta a uma publicação de Musk sobre o terceiro voo teste do Starship, o foguete espacial em desenvolvimento pela SpaceX, outra empresa do bilionário. O dono do X não respondeu até o momento da publicação desta reportagem.
No apelo a Musk, a parlamentar se referia a uma série de postagens feitas pelo bilionário em abril com ataques a Moraes. O empresário acusou o ministro do STF de interferir nas eleições de 2022.
Antes disso, o dono da rede social já havia entrado em rota de colisão com Moraes ao confrontar o magistrado sobre bloqueios de contas no âmbito do inquérito que apura a existência de milícias digitais. Musk afirmou que iria descumprir as decisões judiciais de Moraes e liberar o conteúdo que o ministro mandou bloquear.
Ré no STF
A deputada federal e o hacker Walter Delgatti Neto vão ser julgados pelo STF pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Em abril, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou os dois pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. Em janeiro de 2023, o hacker acessou o sistema do CNJ e inseriu dados falsos, como um mandado de prisão contra Alexandre de Moraes, do STF. No ano passado, Delgatti confessou a invasão, disse que fez a pedido de Zambelli e que teria recebido R$ 40 mil pelos serviços. A deputada nega a acusação.
O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, votou para receber a denúncia e foi seguido pelos demais ministros do colegiado: Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Luiz Fux.
Não há dúvida aqui que a inicial acusatória expôs, de forma clara e compreensível, todos os requisitos necessários para o pleno exercício do direito de defesa e para o recebimento da denúncia declarou Moraes.
Moraes afirmou que o fato da investigação incluir um mandado falso contra ele não o impede de ser o relator do caso, já que o crime investigado seria contra o Poder Judiciário, e não especificamente contra ele.
Um dos textos de mandado de prisão incluído era um mandado de prisão em que eu mesmo ordenava a minha prisão. É importante também salientar: os crimes são contra a instituição Poder Judiciário, não há nenhum crime imputado a mim como vítima, exatamente por isso continuo como relator.
O ministro também ressaltou a confissão de Delgatti e também o fato de, em agosto de 2022, Zambelli ter publicado uma foto com ele afirmando que estava com “o homem que hackeou 200 autoridades”.
Postou nas redes sociais uma confissão que estava com quem hackeou 200 autoridades. O réu Walter Delgatti confessou a prática do crime e confessou também que houve o pedido da segunda ré, Carla Zambelli.
Um dos elementos citados pela PGR na denúncia foi o fato de ter sido encontrado com Zambelli o arquivo com o mandado falso contra Moraes, antes de ele ser divulgado. O mesmo documento foi gerado uma hora antes no computador de Delgatti, o que indica que foi repassado entre eles.