Mato Grosso do Sul, 9 de maio de 2025
Campo Grande/MS
Fuente de datos meteorológicos: clima en Campo Grande a 30 días

VÍDEO: Onça volta ao pesqueiro e deixa moradores da região em pânico após ataque fatal a caseiro em Aquidauana

Felino reaparece no mesmo local onde matou Jorge Ávalo e revira cozinha em busca de comida; autoridades intensificam buscas para capturar o animal que já mostra sinais de perda do medo de humanos
Jorginho era conhecido na região como um homem simples, trabalhador, apaixonado pelo rio
Jorginho era conhecido na região como um homem simples, trabalhador, apaixonado pelo rio

O silêncio do Pantanal foi mais uma vez quebrado na noite desta terça-feira, 22 de abril, quando a mesma onça-pintada que matou o caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, voltou a aparecer no pesqueiro Touro Morto, localizado numa região isolada e de difícil acesso entre Corumbá e Miranda. O animal, que já tinha causado comoção nacional ao atacar e matar Jorginho como era conhecido o caseiro retornou ao local do ataque e desta vez invadiu a cozinha em busca de comida, aumentando ainda mais o clima de medo e insegurança entre os moradores e frequentadores da região.

A reaparição da onça foi registrada em vídeo pelo cunhado de Jorginho, que ainda abalado, mostrou os estragos causados pelo felino. A tela de proteção da cozinha foi destruída, a pia estava no chão e havia sinais claros de que o animal rondou o local por horas. “Ela veio aqui de novo. Derrubou tudo. A gente tá com medo, ela pode atacar mais alguém”, relatou o cunhado, visivelmente nervoso.

O episódio reforça a suspeita de que o animal esteja perdendo o instinto natural de evitar humanos, o que representa um risco sério para toda a comunidade ribeirinha e os visitantes da região. De acordo com a Polícia Militar Ambiental (PMA), que já vinha monitorando a área desde o ataque fatal, tudo indica que essa onça está se acostumando à presença de pessoas, comportamento incomum e perigoso em animais silvestres.

O ataque que tirou a vida de Jorge Ávalo ocorreu na manhã de segunda-feira, 21 de abril, feriado de Tiradentes. O caseiro foi atacado nas imediações do pesqueiro, local onde morava e trabalhava há muitos anos. Segundo relatos de um guia de pesca que chegou ao local para buscar mel, ao notar a ausência de Jorge, encontrou marcas de sangue e pegadas frescas de onça. Imagens dessas pistas foram enviadas às autoridades e também circularam amplamente nas redes sociais, causando comoção e revolta.

Infelizmente, as câmeras de segurança do pesqueiro estavam desativadas no momento do ataque, o que dificultou o levantamento de detalhes mais precisos sobre a investida do animal. Mesmo assim, equipes da Polícia Militar Ambiental das cidades de Corumbá, Miranda e Aquidauana se mobilizaram rapidamente. O local, de difícil acesso somente alcançado por barco ou avião, recebeu reforço do Grupamento Aéreo da PM, que levou um delegado e um perito criminal para investigar o caso de perto.

O corpo de Jorginho foi encontrado parcialmente dilacerado, o que confirma a violência do ataque. A dor da perda abalou familiares e moradores da região, já acostumados com a presença da fauna local, mas não com esse tipo de comportamento extremo.

Diante da reincidência da onça, o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), ligado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), está avaliando a captura do animal. A ideia é levá-lo para um centro de reabilitação em Campo Grande, onde será observado e avaliado quanto a uma possível mudança comportamental causada por fatores como escassez de alimento ou perda de habitat natural.

O coordenador do Cenap, Rogério Cunha de Paula, está a caminho de Aquidauana para reunir-se com os peritos que participaram do resgate e investigação. Segundo ele, a prioridade é capturar a onça que está habituada a circular no entorno do pesqueiro. “Se for constatado que ela está visitando o local com frequência, essa será a nossa prioridade. Não se trata de qualquer onça, mas daquela que está colocando em risco direto a população da região”, explicou Rogério.

Apesar de não se descartar a presença de outros felinos na área, o comportamento reincidente dessa onça em específico, e o fato de ela ter voltado ao local de um ataque fatal menos de 48 horas depois, acende um alerta máximo. Em condições normais, uma onça evita contato com seres humanos após um confronto. O retorno do animal ao local, no entanto, indica que ele pode estar condicionado a associar a presença humana à obtenção de comida algo extremamente preocupante do ponto de vista da conservação e da segurança pública.

Além do trabalho de localização e possível captura do animal, as autoridades também estão orientando moradores e pescadores a evitarem transitar sozinhos em áreas de mata próxima ao pesqueiro, principalmente no início da manhã ou no fim da tarde, horários de maior atividade dos felinos.

Enquanto isso, a família de Jorge Ávalo segue em luto. Jorginho era conhecido na região como um homem simples, trabalhador, apaixonado pelo rio e pelos pescadores. “Ele cuidava desse lugar com amor. Era como se fosse parte da natureza. Ninguém esperava um fim assim pra ele”, contou emocionado um amigo próximo da família.

Agora, além da dor da perda, o medo se espalha. A presença da onça virou uma ameaça constante. A tranquilidade do Pantanal foi rompida, e até que o animal seja encontrado, a sensação é de que a qualquer momento ele pode voltar.

#pantanal #onça #ataquedeonça #pesqueiro #corumba #jorgeávalo #casojorginho #pmapantanal #conservaçãoanimal #selvageria #naturezaemrisco #faunabrasileira

Suas preferências de cookies

Usamos cookies para otimizar nosso site e coletar estatísticas de uso.